segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A GREVE QUE PODERIA SER EVITADA

Maurelio Menezes

Na quarta-feira os professores da UFMT entram em greve. É uma greve que poderia ser evitada se não fosse a arrogancia e a incompetencia do governo federal. Na campanha de 2002 Lula afirmou que iria acabar com as perdas impostas aos professores pela incompetencia e insensibilidade dos governos anteriores. Na época essas perdas eram de 75 por cento. Oito anos de engodo se passaram e hoje essas perdas, de acordo com alguns cálculos, são de 152 por cento, mas de acordo com outros são superiores a 180 por cento. Ou seja, o governo dele foi mais incompetente e mais insensivel que os anteriores.
O resultado desta incompetencia e insensibilidade está na constatação da deterioração do ensino superior público. Não há atrativo algum em se seguir a carreira de docente. Dia desses, uma colega de Departamento comentou comigo que um taxista brincou com ela: "A senhora, doutora, estudou tanto pra ganhar isso. Eu que nunca estudei nada ganho muito mais na praça". Nada contra o taxista "ganhar mais na praça", aliás, eles deveriam ganhar até mais.Mas tudo contra se ganhar o que ganha um professor.
Além de tudo, o salário é apenas a ponta visível do iceberg (ou caberia melhor "o Titanic"?) em que se transformou o ensino superior público. O atual governo (e a atual administração superior da UFMT reproduz isso, ai sim com competencia) está destroçando a olhos vistos as universidades. Em uma de minhas disciplinas, essencialmente prática, não há técnico há varios anos, o que significa que há varios anos, os alunos não têm, como deveriam,a prática. Já fiz de tudo, inclusive liberei os alunos e tornei público essa deficiencia por meio aqui de nosso Espaço Aberto, depois de enviar corresondencia á reitora e à Pro Reitora de Ensino e Graduação. O que ambas fizeram? Resolveram o problema? Não. Exigiram, pelo que informou a Chefe de Departamento que eu prestasse contas sobre minha decisão.
Enquanto não investe na universidade pública, o governo financia o ensino privado via Prouni, o que faz com que as universidades privadas recebam, para preencher vagas ociosas, muito mais dinheiro que as públicas recebem como
orçamento. Há outra saida que não a greve? E a decisão foi tomada numa assembléia bastante participativa, com apenas cinco votos contrários e outras cinco abstenções.
Com a greve perdem todos. Ou quase todos. Perdem os alunos, que terão um atraso em suas vidas academicas,além do descontrole de seus calendários pessoais. Perdem os professores que terão o desgaste natural de um movimento reinvindicatório, além, igualmente, do desncontrole de seus calendários pessoais, do planejamento que fizeram. Perde a sociedade, que paga impostos para, entre outras coisas, financiar a produção de conhecimento que deve ser revertido em beneficio dela própria. Só não perde o governo federal (e, por extensão, a administração superior da UFMT), que não têm a menor preocupação com alunos, professores e sociedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário