quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A INTERNET COMO FERRAMENTA DE MANIPULAÇÃO PELO PODER HEGEMONICO

Maurelio Menezes

Hoje, na edição escrita da Folha do Estado, nosso papo é sobre u uso da Internet para manipular o que tem sido feito por muita gente. Um instrumento que gerou movimentos iportantes como a Primavera Árabe, os Occupys e as manifestações de maio junho no Brasil é utilizado pelo poder hegemonico de plantão para desviar a atenção de problemas graves qaue estão transformando o Brasil num pais cada vez mais subalterno.. Lamentavel. Vc pode ler também na pagina quatro da Edição Digital
do jornal.

 
 


INTERNET: TRANSFORMAR, NÃO MANIPULAR

Quando Gabriela Possolli Vesce afirmou que a internet “Trata-se da mídia mais descentralizada existente atualmente, e justamente por esse motivo passa a ser também a mídia mais ameaçadora para os grupos hegemônicos, tanto política como economicamente. As pessoas podem dizer o que quiserem por meio da internet, conversar com quem desejarem, oferecer serviços que considerarem convenientes. Disso resulta um grande gama de tentativas para controlar a internet, seja de forma clara ou sutil.”, falava com conhecimento de causa que deve ter todo pesquisador.
E esta semana estamos tendo mais uma demonstração disso. Defensores do poder político hegemônico de plantão estão se deleitando com um embate entre e empresária Luisa Trajano e dois participantes do Manhattan Connection, Caio Blinder e Diogo Mainardi, no qual a empresária dona da rede Magazine Luiza, afirma, com razão, que pela primeira vez em 14 anos a inadimplência caiu no Brasil.
De acordo com o Serasa Experian, ela caiu dois por cento, depois de ter aumentado quinze por cento no passado. Os números neste momento são o de menos, inclusive porque há muito a ser analisado... Por exemplo, um dos fatores que pesaram foi a queda de cheques sem fundos. Mas quem usa cheque hoje? Ou com que frequência se usa cheques?
Mas como escrevi acima, para o que se pretende analisar aqui, estes números e conjeturas não importam muito. O que importa é que paralelamente há outro número que, ao contrario da queda na inadimplência, prejudica o poder hegemônico de plantão: a geração de empregos no país foi a pior nos últimos dez anos, exatamente o período em que o Partidos dos Trabalhadores está no poder.   
Ao fazerem estardalhaço com um numero tentam, na verdade, esconder o outro. E ai, para completar, vem o Ministro do Trabalho, Manoel Dias, e afirma que a baixa geração de emprego no Brasil é um milagre se comparado com o resto do mundo, que vive uma grande crise. O Ministro se esqueceu, propositadamente, acredito, que também sobre esse tema o que importa é a qualidade do emprego gerado e não a quantidade, até porque num pais imaginário onde todos estão empregados, não há aumento algum na geração de emprego.
O que se torna necessário no caso dos dois números que estão circulando na mídia é a capacidade de pagamento por parte do cidadão e a qualidade do emprego gerado, ou seja, qualidade de vida. Para isso é necessário uma política de médio ou longo prazo, ou uma ruptura com o sistema que ai está e que as manifestações de maio/junho já deixaram claro que não está agradando à maioria. Isto significa investimento maciço em educação e saúde, principalmente. Mas não nessa educação que aí está, justiça seja feita, há mais de 500 anos.
A criação de políticas pedagógicas que beneficiam apenas parcela da população cria situações como os rolezinhos e a insegurança (no momento que escrevo está havendo um tiroteio –mais um- em São Luis, Maranhão, onde de manhã foi anunciada mais uma morte no Presídio de Pedrinhas, a terceira só em janeiro numa media de uma morte por semana). E o uso da internet como veículo de manipulação e não de transformação deixará tudo como está, o que, é bom não esquecer, interessa a muita gente, especialmente aos que fazem parte do sistema hoje.
Como há muito conteúdo na internet, a tendência é se dedicar pouco tempo à análise da confiabilidade desses conteúdos. Um bom começo para se filtrar estas informações é se ponderar sobre a confiabilidade do veiculo, quem está escrevendo, sob que ponto de vista o faz e a que interesses defende.
É mais ou menos como sempre lembra aos alunos da Pós Graduação em Educação da UFMT o professor Passos: “Um pesquisador deve sempre pensar antes de qualquer coisa porque esta pesquisando e especialmente para quem está pesquisando”.
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

HIGIENIZAÇAO... VOCÊ ALGUM DIA CONCORDOU COM ISSO?

Maurelio Menezes


Hoje na Folha do Estado, nosso papo é sobre higienização, o movimento que o poder hegemônico faz para se ivrar daqueles que possam prejudicar seus interesses ou se interpor em seu caminho. O assunto é polêmico, e não é novo. E está presente aqui, ali e acolá.

HIGIENIZAÇÃO, UMA VERGONHA A CAMINHO!

Maranhão. Matança atrás de matança, presos degolados, fuzilados, presídios superlotados. A situação em Pedrinhas lembra uma das cenas iniciais do filme “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro”, na qual o personagem de Seo Jorge, no presídio Bangu Um do Rio de Janeiro, faz um acerto de contas com uma facção rival. Sangue jorrando por todos os cantos.

Campinas. Ônibus incendiados. Doze pessoas assassinadas. As primeiras investigações dão conta que há participação da Polícia na chacina. Seria uma vingança pela morte de um policial que reagiu a um assalto no domingo.

São Paulo. Um dos principais shoppings da cidade decide, mesmo desrespeitando a Constituição Federal, decide proibir a entrada de adolescentes desacompanhados e aciona a polícia para impedir os famosos “rolezinhos”. Mas nem todos os jovens são impedidos, de acordo com adolescentes que organizam o rolezinho, ou seja, depende da cor da pele, da aparência, da roupa que usam.

O sociólogo Rudá Ricci vê no rolezinho um movimento social nascente, uma espécie de “Ocuppy da periferia”. Para ele é crueldade compará-los com arrastões. Ativistas de Direitos Humanos e de outros Movimentos Sociais transformaram o rolezinho numa causa. E ninguém deve ficar assustado se nas próximas manifestações de rua haja palavras de ordem a favor do rolezinho.

Cuiabá. Aqui não há, pelo menos que se saiba, envolvimento da policia. A Prefeitura Municipal está começando a desenvolver um programa social que tem o objetivo oficial de dar uma nova oportunidade aos moradores em situação de rua. Numa entrevista ao “Bom Dia Mato Grosso”, dia desses, uma servidora envolvida no programa, afirmou que o grande problema é que alguns desses indivíduos não querem voltar para casa.

Ao se ouvir uma afirmação assim não tem como se fugir de algumas perguntas: qual o motivo de somente 13 meses após a posse a administração municipal estar dando inicio a esse programa? Será que o programa tem relação com o fato de estarmos a cinco meses da Copa quando turistas de pelo menos oito países virão para cá? Será que os Movimentos Sociais que trabalham com essas pessoas foram ouvidos? Ou os Grupos de Pesquisa da UFMT que igualmente têm dezenas de pesquisa sobre o assunto foram ouvidos? Estes grupos, um deles coordenado pelo Professor Doutor Luis Augusto Passos, com certeza têm respostas, inclusive o porque de muitas pessoas em situação de rua não desejarem voltar para casa.

Quando houve a primeira visita de um Papa ao Brasil, os caminhos por onde ele iria passar foram devidamente higienizados pela administração pública. Até um mega outdoor para esconder uma favela em Copacabana foi colocado. E a favela escolhida para sua visita, o Vidigal era urbanizada e ficava (como ainda fica) na frente de um dos principais hotéis da Cidade Maravilhosa, o Sheraton.

No filme “Para sempre Cinderela” a personagem de Drew Barrymore (Danielle de Barbarac), numa das cenas, fazendo se passar por uma baronesa, intercede por um preso e diz para o Príncipe algo como “O que está acontecendo aqui é uma injustiça. Vocês os educam para a pobreza, para a corrupção e quando crescem e roubam uma galinha, vocês o prendem, o julgam de acordo com seus interesses, os condenam e os matam ou os mandam para as Américas”.

Apenas para constar, a história contada no filme teria inspirado o conto de fadas “Cinderela”, Essa versão tem uma narradora, a suposta tataraneta de Danielle, a rainha da França que, desgostosa com a forma como fora contada a vida da “Gata Borralheira”, chama os irmãos Grimm ao Palácio e conta a eles o que realmente acontecera na França do Século XVI.

Ficção ou não, há ai uma verdade: há séculos utiliza-se, de uma forma ou outra, artifícios para a higienização, ou gentrificação, da sociedade. O que se faz hoje não tem muita diferença do que fez Hitler que, ao eliminar judeus, usava o argumento de purificar a sociedade.  E a quem interessa isso? Ou ainda, porque se insiste nisso?