quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A UNIVERSIDADE QUE EU NÃO QUERO – Segunda Parte

Maurelio Menezes


A universidade que eu não quero (e acredito que todos os professores, técnicos e alunos do bem também) tem autoridades (?) que desrespeitam em nome sabe-se lá de que, decisões dos órgãos colegiados superiores e criam regras próprias para administrar (?) Departamentos, Institutos e Faculdades, e a própria Universidade.
A cada dia ouve-se mais histórias contadas por professores submetidos a regras criadas por esses Chefes. E o pior é que, no caso dos Departamentos, eles presidem o Colegiado, que, quase sempre acata os absurdos apresentados nas reuniões. A ultima foi uma obrigação que inventaram e apresentaram a uma professora: quem não tem projeto de pesquisa é obrigado a assumir quatro disciplinas. É a velha política da quantidade em vez da qualidade vomitada de cima pra baixo e engolida por esse professores sem o menor constrangimento.
A resolução 158 de 29 de novembro de 2010, aprovada pelo CONSEPE, ela própria representando a preocupação com a quantidade, é clara, como de resto são as decisões do CONSEPE. Um professor que, por exemplo, coordene um projeto de pesquisa devidamente registrado terá cumprido 10 horas das 40 que é obrigado a cumprir se esse for seu contrato. Mais, “apenas”, três disciplinas de 60 horas e estará livre de todas as demais obrigações que teria e que pode exercer caso queira, mas sem computação de horas em seu PIA. Da mesma forma uma professora que tenha cinco orientações precisará ministrar “apenas” mais três disciplinas de 60 horas para se livrar do resto.
A impressão que fica é que o CONSEPE é apenas um Conselho figurativo. Lá se decidem as normas que devem reger o ensino a pesquisa e a extensão na UFMT. Aí esse tipo de chefe, usando sempre, ou quase sempre, o argumento que é determinação da administração superior, cria ele próprio a regra que lhe interessa não se sabe para atender a interesse de quem.
A Universidade que eu vivi e que gostaria que sobrevivesse a esse tipo de gente foi uma Universidade em que os Departamentos tinham brigas sadias com a administração superior em busca do que deveria ser o objetivo geral: uma educação realmente pública e de qualidade. Desses embates, regra geral, saiam soluções consensuais em que, também regra geral, quem ganhava era a sociedade, que, diga-se de passagem, paga o salário de todos.
O interessante é que tanto os Chefes, quanto Coordenadores de Curso (muitos dos quais compactuam com os Chefes), os Diretores, como também a Reitora e seu vice, foram democraticamente eleitos pelos votos da comunidade acadêmica. No caso dos Departamentos e Coordenações explica-se: ninguém quer pegar o que chamam de abacaxi e assim, feitas as devidas e honrosas exceções, coloca-se qualquer um no posto, para alívio dos demais. De qualquer forma já passou da hora de se debater este pequeno detalhe (para a atual administração –continuidade da anterior- a saída é tirar o sofá da sala, ou seja, acabar com os departamentos).
A Universidade que está aí é a que eu não quero. E repito: professores, técnicos e alunos do bem também não. Nem como professor nem como cidadão, que é sufocado por uma carga tributária desumana, para entre outras coisas custear o que todos nós, junta e honestamente, respeitando decisões que foram tomadas por Conselheiros também democraticamente eleitos, poderíamos conseguir.

Um comentário:

  1. Faço minhas todas as tuas palavras, assino embaixo, e acrescento que isso tudo me parece ser uma falha de caráter brutal que só pode passar pelo processo de deseducação que assistimos nos último 40 anos nesta Republiqueta de bananas...

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