terça-feira, 13 de novembro de 2012

AUTONOMIA DA UFMT ESTÁ EM JOGO OUTRA VEZ

Maurelio Menezes

Duas chapas foram registradas para disputar a direção da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso - Adufmat. E a composição das chapas deixa claro o que estará em jogo na eleição que será realizada no dia 13 de dezembro. A Chapa Um é formada por professores que estiveram à frente da maior greve da história do ensino publico superior do país, lutando para que o governo respeitasse a Constituição que prevê, em seu artigo 207, a autonomia pedagógica, administrativa e financeira das universidades e a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão.  Essa chapa começou a ser articulada ainda durante a greve e deveria ter outros professores que, entretanto, decidiram tomar outro rumo.
No programa desta chapa, que defende os principios do ANDES, sindicato nacional que representa 90% dos professores de universidades federais do Brasil, está previsto, entre outros pontos, uma reforma do estatuto da ADUFMAT, para adequá-lo aos dias de hoje, uma vez que sua última adequação, simples, foi há sete anos. O grupo prevê, também, a luta contra qualquer movimento, parta de onde partir, no sentido de se acabar com os espaços democráticos de discussão e formulação de políticas para a universidade, uma vez que há um movimento em andamento para tirar dos professores o direito de participar destas decisões por meio de seus  Colegiados de Departamento e de Curso, Congregações e ate mesmo Conselhos Superiores que tem servido para impor politicas centralizadoras. Há também politicas previstas especialmente para os professores aposentados bem como para os campi de Sinop e Barra do Garças. A Chapa 1 defende também a pluralidade de pensamento como forma democratica de decisões. Assim não aceita a partidarização politica nem o aparelhamento do Sindicato porque isso chega a ser desrespeitoso para com professores que pensam de formas diferentes.
Não conheço o programa da chapa dois porque não participei das discussões que levaram à sua formação. A unica reunião que convocaram, por e mail,  para debate foi cancelada. Essa chapa tem vinculo politico partidário (parte de seus integrantes são filiados, militantes e até esperavam exercer cargos de Secretarios -ou equivalentes- caso vencessem a eleição municipal) Essa chapa tem professores que em momento algum se comprometaram com a luta que a greve representou: por uma universidade publica, de qualidade. Um deles participou do CLG, o Comando Local de Greve, no inicio do movimento e depois se afastou, primeiro por uma razão compreensivel e legitima, a familia dele. E depois para fazer campanha politica. Outro, em todas as assembléias que participou fez a defesa do PROIFES o sindicato criado sobre tutela do governo federal e que representa cerca de cinco por cento dos professores, a maioria dos quais não concordou com a posição desse sindicato na greve e não aceitarou o acordo firmado por ele com o governo para destruir as universidades. Os demais não vi durante a greve, a não ser em alguns momentos para tentar obstruir o movimento.
A Chapa 1 não tem ligação alguma com a administração superior da UFMT, o que não significa que seja contra ela .Mas em seu programa está claro que é  radicalmente contra qualquer decisão tomada sem que seja ouvida a comunidade universitaria, composta por professores, alunos e servidores técnicos,. E radicalmente contra qualquer decisão que fira os principios constitucionais e não tenha como objetivo a construção de uma universidade publica de qualidade  e socialmente referenciada.
 Ja a outra chapa, pelos movimentos pre eleitorais, tem ligação umbilical com a administração superior, inclusive com uma professora que exerce cargo na administração superior fazendo convite para integrantes da chapa. Se é verdade que essa professora pudesse estar falando em seu nome, durante a eleição do DCE ela foi a grande articuladora de uma das duas chapas apoiadas pela administração. No ultimo debate, conversando com um Pró Reitor ele cofirmou que torciam para a 3 e tinham um bom diálogo com a Chapa 1, ambas derrotadas pela Chapa 2, Não mais em Nosso Nome. que ja declarou total apoio à Chapa 1 da ADUFMAT por entender que esse grupo representa legitimamente os interesses dos professores e da universidade que a sociedade matogrossense precisa..
Hoje a tarde na UFMT ouvi de um professor acostumado a campanhas e eleições na ADUFMAT: "Vai ser uma campanha curta, mas complicada porque se de um lado vão estar alunos e professores que querem o melhor para a UFMT e para a sociedade, não aceitando por exemplo, que a UFMT seja transformada numa universidade de periferia, do outro estarão a máquina  e partidos politicos." Durante esse mês de campanha saberemos se esse professor estava com a razão especialmente no que ele se referiu a máquina e a partidos politicos.


  

Um comentário:

  1. A dignidadade dos trabalhadores em educação está em jogo.

    Todos à luta necessária!

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