domingo, 1 de abril de 2012

NA ELEIÇÃO DO REITOR DA UFMT EU TENHO LADO

Maurelio Menezes

Tenho postado aqui criticas pontuais à atual administração da UFMT, onde sou professor há 16 anos, e onde faço doutorado. Há três candidatos e eu tenho lado nessa eleição. Apóio o professor Fernando Nogueira, de quem reproduzo aqui um artigo veiculado no Espaço Aberto da Adufmat, um Forum virtual e democratico  de debates de idéias. É um texto que merece ser ponto de reflexão não apenas da comunidade universitaria, mas de toda a sociedade.



Porque sou candidato a Reitor da UFMT outra vez


Fernando Nogueira*



Quando deixei a reitoria da UFMT, por vontade das urnas, decidi me afastar por um tempo das discussões políticas na universidade sem, contudo, deixar de acompanhar de perto o cotidiano da instituição. Dediquei-me às atividades acadêmicas e qualifiquei-me em nível de doutorado, o que assegurou minha inserção em projetos de pesquisa e desenvolvimento, além de contribuir para a melhoria de minhas atividades em sala de aula. Nesse período, também fiz uma imersão, um mergulho profundo nas causas que ensejaram aquele resultado adverso nas urnas. Erros meus na gestão de nossa UFMT? Promessas de campanha que jamais viriam a ser cumpridas ao longo dos anos pelos meus oponentes? Conjuntura política favorável a mudanças no poder do país?

Nessa imersão, fiz uma autocrítica, conversei com colegas, ouvi críticas, analisei-as, amadureci e, sobretudo, pude compreender a motivação das insatisfações com a minha gestão. Mas, além das críticas, ouvi, também, análises pontuais. Uma delas, de que me orgulhou muito, foi que, em meu mandato, em momento algum coloquei em risco a autonomia de nossa Universidade. Aliás, fui um dos reitores que se colocaram publicamente, em âmbito nacional, contra a “proposta de Autonomia”, que nada tinha de autonomia, apresentada pelo Governo Federal, naquela época. Outra análise pontual, de que igualmente me orgulho, diz respeito ao inegável, respeitoso e democrático convívio com os membros da comunidade universitária, dispensando, indistintamente, igual atenção a todas as demandas institucionais. Isso porque, para mim, o processo eleitoral se esgota com a proclamação do resultado das urnas.

Por oportuno, dirijo-me àqueles que insistem em comparar gestões, que ocorreram em momentos distintos, e o faço recorrendo aos colegas da História que dizem sempre, e com razão, que não é possível se comparar dois momentos diferentes na história. Quando exerci a Reitoria, era adversa a realidade do financiamento das Universidades públicas. Evidentemente, se as condições tivessem sido favoráveis, mais ações e avanços teriam sido concretizados. Apesar disso, foi possível manter a UFMT altiva e incrementar sua inserção na capital e nos pólos avançados situados em regiões estratégicas para o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso. Nesse contexto, vale salientar que, diferentemente das realizações materiais, é possível sim, ainda que sejam momentos distintos da história, comparar a forma de conduzir a gestão universitária e o convívio com os segmentos que compõem a universidade, seus respectivos sindicatos e a inserção da instituição na sociedade.

Hoje, mais do que antes, colegas reconhecem que em minha tentativa de reeleição não lancei mão da máquina administrativa. Não usei e jamais usaria, porque não faz parte do meu perfil, tirar proveito próprio de cargos, equipamentos e material que não são meus e sim de toda a comunidade universitária e, em última análise, da sociedade que a mantém. Tive e ainda tenho a compreensão de que o que deve pautar a campanha de quem está revestido de mandato é o conjunto de ações realizadas e a postura adotada, como gestor para estabelecer as decisões institucionais na instituição e na sociedade.

É bem verdade, não por acaso, que o calendário estabelecido para a eleição em curso não favorece as candidaturas que se opõem à reeleição pretendida pelos atuais gestores. O tempo é insuficiente para percorrer toda a instituição, acrescido da dificuldade de dispor, com igual facilidade, de dados institucionais e de tempo hábil para contatos pessoais com os membros da comunidade universitária e, também, de condições para cobrir as despesas referentes a deslocamentos para os Campi de Rondonópolis, Médio Araguaia e Sinop. Apesar disso, ao longo da campanha certamente nos encontraremos algumas vezes, inclusive aqui neste Espaço Aberto que democraticamente é de todos nós e não apenas na retórica de um grupo. Nestes poucos encontros vamos debater a Universidade que queremos e, se for do desejo da UFMT, continuaremos as discussões, durante o período que antecederá o início do mandato, na perspectiva de estabelecimento de políticas e ações estratégicas de gestão.

Aqui cabe indagar: A Universidade que queremos é uma Universidade apenas cheia de prédios, que têm recebido severas críticas, quanto à qualidade e infraestrutura implantadas? É evidente que não! Construções são necessárias, contudo é imprescindível assegurar com igual prioridade as demandas da qualidade do ensino, do incentivo à pesquisa e à extensão, seja no que se refere a pessoal, seja no que diz respeito à infraestrutura disponibilizada ou à disponibilidade de tempo para tal. Há mais. Uma universidade capaz de se posicionar, quando necessário for, contra políticas de governo que não contribuam para a contratação de pessoal, condições de trabalho e remuneração decentes. Sobretudo, a Universidade que queremos é uma universidade que vai lutar e primar pela qualidade e não apenas pela quantidade, como tem acontecido nos últimos anos, em que se negligencia a visão humanista para tratar os seres humanos, na instituição universitária, como meros números com vistas a determinadas estatísticas.

No contexto atual, é preciso que sejam lançadas as bases para avançar no que interessa à Universidade: o ensino, a pesquisa e a extensão, o tripé que fez da UFMT uma universidade de qualidade que começamos a construir lá atrás, antes mesmo de 10 de dezembro de 1970. É como sempre afirmo e reafirmo: A UFMT é resultado da contribuição indelével de tantos quantos já participaram ou ainda participam da sua construção. E não apenas desta ou daquela administração superior. A cada tempo o seu próprio tempo, suas oportunidades e seus avanços.

Há muita coisa a fazer e, sobretudo, a se modificar. Isso está claro para mim e para aqueles que me lançaram o desafio de participar mais uma vez deste processo democrático na UFMT. Por isso, e também em virtude da imersão e da análise a que me referi no início desta conversa com vocês, é que me dispus, se assim for o desejo da comunidade universitária, a ser Reitor da UFMT outra vez, para comandar um processo de evolução que hoje é mais que necessário em nossa Universidade, um processo que resgate a autonomia, o convívio democrático e a discussão com vistas à qualidade, discussão da qual, infelizmente, estamos nos afastando a cada dia mais.

Por fim, esclareço que minha candidatura a Reitor é fruto do anseio de uma parcela da comunidade universitária, que entende a necessidade de tornar público que, na UFMT, o pensamento não é hegemônico no que concerne à forma em que deve se dar a gestão das ações no âmbito da instituição e também em relação à sua inserção na sociedade. Por isso mesmo é que, na condição de candidato, peço a necessária reflexão, contribuições e adesão, na forma de voto, à CHAPA 2: A UFMT EM PRIMEIRO LUGAR.

*Fernando Nogueira é professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Doutor em Engenharia Elétrica, graduado em Administração e candidato a Reitor da UFMT.

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