sexta-feira, 18 de maio de 2012

GREVE NA UFMT SE TRANSFORMA EM MOMENTO HISTORICO

Maurelio Menezes

Foto: Keka Werneck
Os motivos para se comemorar são muitos. Primeiro a decisão pela greve tomada na segunda feira em Assembléia de se dar um basta  no descaso e na insensibilidade do governo federal que insiste em tratar educação como despesa e não como investimento. Na assembléia ficou claro que os professores querem discutir a universidade que o país precisa e a recuperação da estima e de uma qualidadade que vem sendo colocada em segundo plano em nome da quantidade, aquela necessária para se construir uma nação cidadã e justa, esta para se fazer propaganda e demagogia. Na assembléia, integrantes da administração superior, ao contrario do que tradicionalmente acontecia, votaram a favor do movimento.
Dois dias depois a reitora Maria Lucia Cavalli Neder externou publicamente seu apoio ao movimento dos professores, numa entrevista ao MTTV 2ª Edição da TV Centro America, o telejornal de maior Ibope em Mato Grosso, com, em media, 75% da audiencia entre os aparelhos ligados. Na mesma reportagem, um representante do Diretorio Central dos Estudantes informou a posição oficial dos alunos, de apoio ao movimento dos professores. A reportagem você pode conferir aqui.
No final da manhã de hoje, uma assembléia dos professores do Programa de Pós Graduação em Educação da UFMT, o mais antigo da Universidade, com parcerias com universidades de excelencia no Brasil e no Exterior, decidiu, por ampla maioria, acatar a decisão da Assembleia. Professores e alunos do programa foram informados oficialmente por e mail da  deliberação dos professores, com o seguinte texto:

Caros docentes e discentes
Informamos que na assembléia de docentes do PPGE realizada no dia 18/05/12, foi decidido que, em decorrência da greve, as aulas do mestrado e doutorado em educação ficam suspensas enquanto durar a greve. Serão mantidas as atividades agendadas tais como, bancas de qualificação e de defesa, bem como eventos.  Informamos que com a finalização da greve será definido um novo calendário que não implicará em prejuízos acadêmicos.

Atenciosamente
Tânia Maria Lima Beraldo
Coordenadora do PPGE/UFMT


É um momento histórico na UFMT.  É a primeira vez que um Programa de Pós Graduação toma essa posição (pelo menos nos 17 anos em que la sou professor).  Com a posição assumida publicamente primeiro pela Reitora e agora pelo PPGE, está sendo dado, sem duvida, o primeiro passo para a (re)construção da UFMT como uma Universidade realmente cidadã. Independemente do resultado da greve, com atendimento ou não das reinvindicações,  esta é uma tomada de posição que deixa clara a intenção de não se aceitar manipulações.
Da mesma forma que muitos de nós nos orgulhamos de lutas como as que travamos no passado contra o regime militar, pela anistia, pelas diretas, pela redemocratização do país, ou como as travadas hoje por justiça, por qualidade ambiental de vida, contra tantos desmandos, enfim, lutas que assumimos e continuaremos  a assunir pela construção de uma sociedade pelo menos menos injusta, a conquista deste momento deve ser motivo de orgulho para todos. Que o exemplo maduro e consciente do PPGE, o mais antigo programa de Pós Graduação da UFMT  seja seguido pelos demais programas, o que so fortalece a Universidade como um todo.
E ao fortalecer a Universidade estará sendo fortalecida também a sociedade a quem ela deve prestação de serviços, produção de conhecimentos e geração de cidadania. O exemplo que está sendo dado neste momento é unico na história recente de Mato Grosso, e por isso mesmo precisa mais que nunca do apoio desta sociedade, que, em ultima instancia será a grande beneficiada nesta luta. Que deve ser de todos nós.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

PROFESSORES DA UFMT SE UNEM :E GRITAM BASTA!!!! GREVE COMEÇA DIA 17

 Maurelio Menezes

Na assembléia havia cerca de 200 professores. Muito pouco para um universo de algo em torno de tres mil profissionais, é verdade. Mas foi a assembléia que maior numero de professores reuniu nos ultimos 10 anos, quando o governo federal começou investir na pratica reacionária de dividir o movimento sindical. Mais significativo ainda foi o resultado: 3 votos contra, 4 abstenções. E todos os demais votos pela deflagração da greve Nem mesmo os integrantes da Administfração Superior que, feitas as devidas e honrosas exceções, só comparecem às assembléias como tropa de choque  para votar contra o que os professores desejam, não se manifestaram. Vergonha? Impotencia? Não sei.... A consciencia de cada um que responda o motivo.

A partir do dia 17, quinta feira, e por tempo indeterminado, em Cuiaba, Sinop e Barra do Garças os professores não entrarão em sala de aula (os campi de Rondonopolis e Alto Araguaia ainda não se manifestaram). A greve só vai existir porque professores decidiram dar um basta nas manipulações de ações condenaveis em todos os aspectos. Desde o ano passado vinha se enrolando as assoçiações de classe, primeiro com o agora candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e depois com Aloizio Mercadante, apostando na divisão do movimento, divisão que ele sempre incentivou comprando consciencias, inclusive.
Diante da inevitabilidade da greve (33 das 42 universidades ligadas á ANDES, aprovaram o indivativo, 3 se abstiveram e 6 não compareceram à reunião na sexta feira em Brasilia) Mercadante tentou mais um golpe: tirou da gaveta uma Medida Provisória, dona Dilma assinou e publicaram no DO, atendendo a 2 ou 3 pontos da pauta de negociações. Foi uma ultima e desesperada tentativa de dividir o movimento mais uma vez. Não conseguiram. Mas a idéia de Mercadante não era apenas isso. A  Medida Provisõria vai ser, também,  a primeira arma que eles vão usar para tentar desmoralizar a greve e colocar a sociedade contra os professores.
Virão com a velha lenga-lenga: "Eles são intransigentes, atendemos às reinvindicações, mas mesmo assim mantiveram essa posição que é contra o interesse do povo" O mesmo discurso reacionario de sempre. Para que se tenha uma ideia do ridiculo da situação desse governo, a proposta de reajuste salarial dele para um douto rcom algo em torno de 20 anos de experiencia foi de cerca de 80 reais, quantia insuficiente para se comprar um bom livro, cujo preço medio esta acima disso. Além do que, só nos dois ultimos anos o salario desse doutor foi corroido em cerca de 800 reais.
Nos pronunciamentos dos professores que defenderam a greve, houve alguns mais extremados (até de "escroto" o governo federal foi chamado), mas todos estavam alicerçados pela razão. E todos apresentaram por meio de caminhos diferentes a mesma saida: a do Basta! à incompertencia, à insensibilidade, ao descaso, ao abandono e à fuga das responsabilidade dos gestores.
Esse governo precisa aprender que Educação é investimento e não despesa. E vai aprender por bem ou por mal.