sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O PAPO HOJE NA FOLHA DO ESTADO É UMA REFLEXAO SOBRE O BRASIL DE HOJE DE ACORDO COM LEONARDO BOFF

Maurelio Menezes


Na semana passada durante um encontro com ativostas de movoimentos sociais Leonardo Boff  se abriu de forma muito interessante. Mostrou que não gosta de reduzir o debate à politica, pois é preciso muito mais que isso para a transformação da sociedade... Foi um papo muito interessante e depois ele se colocou à disposição para responder a perguntas. Não foi poupado e ai mostrou mais uma vez porque é uma das grandes cabeças desse país, e que vale a pena se lido e ouvido.  Algumas das  reflexões dele estão abaixo e na Folha do Estado desta sexta feira.... Confira aqui ou lá.


REFLEXÕES DE LEONARDO BOFF SOBRE O BRASIL DE HOJE

Na semana passada Frei Leonardo Boff esteve dois dias em Cuiabá. No primeiro, fez uma palestra a convite de uma empresa e no segundo fez o que mais lhe interessava: se reuniu com ativistas dos mais diversos Movimentos Sociais. Falou durante cerca de 40 minutos e depois abriu para perguntas em que respondeu a questionamentos sobre política, economia, copa do mundo e educação.
Sobre política fez criticas a seu amigo, Lula, “de quem privo, além, da amizade, os bastidores de sua vida” , que era a esperança de mudança dos rumos da nação, mas antes mesmo de ser eleito com a “malfadada Carta aos Brasileiros” rendeu-se ao neo liberalismo e acabou fazendo o que seus antecessores fizeram: acordo com o que há de pior na política brasileira. Citou especificamente a visita de Lula e Haddad à mansão de Maluf com quem fez um toma lá dá cá, "para ganhar um minuto e meioa a mais na televisão". De acordo com ele, Lula disse “Nem me fale foi a maior cag.... da minha vida”. Disse também que se Marina sair candidata e se conseguir se eleger vai matar a causa ecológica... Sobre a Copa disse que não há mais o que se fazer, pois ela está ai. O que é preciso é se fiscalizar e exigir que ela deixe de fato um legado para a sociedade. Para Leonardo Boff, os governos Lula e Dilma são governos de transição para  chegarmos ao governo do bem estar social que todos (ou pelo menos a maioria) almejamos.
Fez uma critica também a Chavez sobre quem disse que o único mérito que ele teve foi o de enfrentar o Império que compra da Venezuela 25 por cento do petróleo que importa, o que significa que também à Venezuela não interessa um rompimento total pelos milhões de dólares que deixaria de receber.
Num determinado ponto da fala dele, citou Paulo Freire, para quem “a escola não tem capacidade de mudar o mundo, mas tem condições de mudar o homem, que transformará o mundo”. Paulo Freire talvez tenha sido o grande pedagogo da história do Brasil, mas sua Pedagogia Critica nunca foi usada como deveria nas escolas, tanto que ao morrer, em 1997, havia mais livros dele publicados no exterior que no Brasil. O pensamento de Freire sobre educação, foi construído particularmente a partir do pensamento de Gramsci, que também dava à escola um papel fundamental na transformação da sociedade, via transformação do homem.
Aproveitei o assunto abordado aqui na semana passada e perguntei a Leonardo Boff como transformar o homem se o governo, comprometido com o neo liberalismo, determina a política didático pedagógica e, portanto, nossa escola é planejada para manter as coisas como estão, ou seja, sem proporcionar a ninguém  a possibilidade de transformação de nada. Para ele, nossas universidades, a começar pelas Pontifícias Universidades Católicas, são chocadeiras do sistema. Nossos jovens saem da universidade prontos para atender ao mercado. É assim há 500 anos, embora a primeira universidade brasileira, USP, só tenha sido criada na década de 30 do século passado.
Leonard Boff acredita que essas mudanças são difíceis e precisam de tempo. De acordo com ele, se se fez menos do que se esperava, não há como negar que se fez o que era possível. Ele lembrou que o governo que está hoje no poder nasceu de um movimento social que depois se articulou como movimento político e conquistou a vitória. Assim, a articulação dos movimentos sociais é fundamental para criar no cidadão o espírito critico que ele precisa ter para a transformação duradoura que queremos. As manifestações de  maio e junho deixaram claro que a população está cansada de uma política de negociatas, de toma lá dá cá. O que a sociedade quer, hoje, são serviços que funcionem, é uma educação que tenha a qualidade mínima, o que não existe hoje, é uma saúde para todos.
Pode-se não concordar com muito do que ele disse nesse encontro com ativistas dos movimentos sociais. Mas não há como negar. Aí estão pontos que obrigatoriamente têm que ser levados em consideração como reflexão sobre os caminhos que precisamos trilhar para fazermos de nossa sociedade pelo menos uma sociedade menos injusta.
 

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