quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MANIFESTAÇÕES ATINGEM UCRANIA E TAILANDIA... ESTE É NOSSO PAPO HOJE NA FOLHA DO ESTADO

Maurelio Menezes
Ucrania e Tailandia estão no centro de meu artigo publicado hoje na Folha do Estado -MT. Por motivos diferentes, milhares de manifestantes tem saido às ruas lutando por aquilo em que acreditam.  É mais uma demonstração que a Primavera Árabe foi apenas o estopim, nçao apenas para o Norte da África e Oriente Médio, mas para todo o mundo.  Vove pode ler o artigo na página 4 da  Folha , http://www.folhadoestado.com.br/manutencao/  ou abaixo:



TAILANDIA E UCRANIA, AS BOLAS DA VEZ...
Por motivos diferentes, ucranianos e tailandeses foram às ruas nas ultimas semanas e enfrentaram a violência policial. Evidentemente que há interesses políticos por trás dos protestos em um e em outro país. Mas em ambos os casos o que interessa é a decisão da população de contestar medidas contrarias a seu interesse, algo como mudar as regras com o jogo em andamento.

No caso da Ucrânia, o motivo da revolta foi a desistência do Presidente Viktor Yanukovich em assinar um acordo que permitiria ao país entrar na União Europeia. A assinatura seria no ultimo dia 21, mas na véspera Yanukovich anunciou o recuo, provocado pela pressão do presidente russo Vladimir Putin. O Primeiro Ministro ucraniano, Mykola Azarov, reconheceu que houve a pressão e embora tenha afirmado que não houve condição alguma imposta, fala-se que Moscou ameaçou cortar o fornecimento de gás russo à Ucrânia e a proibição de entrada de produtos ucranianos em território russo.

À frente das manifestações estão, mais uma vez, jovens que se comunicam e se convocam pela internet. Os partidos de oposição assumiram a luta iniciadas por estudantes como Alexandra Prissiajniouk, de 19 anos,  que numa das manifestações afirmou que na eleição a postura do presidente era outra e que a população estava ali para dizer que se sentiam europeus.

No domingo os ânimos se acirraram, houve confrontos e os manifestantes tomaram o prédio da prefeitura de Kiev, onde montaram o que chamam Quartel da Resistência. Para o Presidente russo, o que está havendo é que querem derrubar um governo legitimamente eleito. Mas a cada dia parece ficar mais claro que ser legitimamente eleito não basta para a população. Lá, como cá, queremos mais. Muito mais que isso. Ou como diz a canção: “A gente não quer só comida/ a gente quer comida / diversão e arte/ A gente não quer só comida a gente quer saída / pra qualquer parte /A gente não quer só comida a gente quer bebida / diversão, balé / A gente não quer só comida / a gente quer a vida como a vida quer”

Na Tailândia, o foco é a corrupção. Os manifestantes, entre eles muitos ligados a partidos de oposição, acusam a Primeira Ministra Yingluck Shinawatra, eleita há dois anos, de usar a maioria parlamentar que possui para criar leis que levem à anistia do irmão dela, Thaksin Shinawatra, também legitimamente eleito, mas acusado de corrupção, derrubado por um golpe há sete anos e exilado do país. Para os lideres da oposição Thaksin continua a governar o país, inclusive distribuindo dinheiro a parlamentares para que eles aprovem as medidas de seu interesse.

Analisando politicamente, há uma diferença muito grande entre os dois casos, especialmente porque a Tailândia é um país onde golpes de estado são quase corriqueiros: nos últimos 80 anos houve 18 deles, ou seja uma média de um a cada seis anos. Já na Ucrânia, apesar de negociações estarem em andamento há seis anos, o presidente afirma que as regras são muito duras e iriam prejudicar as camadas mais pobres da população. O que pode parecer estranho é que só agora com a pressão de Putin, ele tenha percebido isso.

O que parece estar claro é que a Primavera Árabe, o primeiro movimento social no qual a internet teve participação fundamental,  mais que mudanças no Oriente Médio e Norte da África, serviu como um estopim para uma situação que analistas identificam em todos os lugares: as mudanças são necessárias e precisam ser realizadas urgentemente. Ninguém está feliz com o que recebe e muito menos com o que vê acontecer no centro do poder.

E ao pensar em mudanças, me veio à cabeça um post de minha amiga dos tempos de TV Bandeirantes, Luciana Savaget, dia desses no Facebook, citando Fernando Teixeira de Andrade: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

 

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