Ucrania e Tailandia estão no centro de meu artigo publicado hoje na Folha do Estado -MT. Por motivos diferentes, milhares de manifestantes tem saido às ruas lutando por aquilo em que acreditam. É mais uma demonstração que a Primavera Árabe foi apenas o estopim, nçao apenas para o Norte da África e Oriente Médio, mas para todo o mundo. Vove pode ler o artigo na página 4 da Folha , http://www.folhadoestado.com.br/manutencao/ ou abaixo:
TAILANDIA E UCRANIA, AS BOLAS DA VEZ...
Por
motivos diferentes, ucranianos e tailandeses foram às ruas nas ultimas semanas
e enfrentaram a violência policial. Evidentemente que há interesses políticos
por trás dos protestos em um e em outro país. Mas em ambos os casos o que
interessa é a decisão da população de contestar medidas contrarias a seu
interesse, algo como mudar as regras com o jogo em andamento.
No
caso da Ucrânia, o motivo da revolta foi a desistência do Presidente Viktor
Yanukovich em assinar um acordo que permitiria ao país entrar na União
Europeia. A assinatura seria no ultimo dia 21, mas na véspera Yanukovich
anunciou o recuo, provocado pela pressão do presidente russo Vladimir Putin. O
Primeiro Ministro ucraniano, Mykola Azarov, reconheceu que houve a pressão e
embora tenha afirmado que não houve condição alguma imposta, fala-se que Moscou
ameaçou cortar o fornecimento de gás russo à Ucrânia e a proibição de entrada
de produtos ucranianos em território russo.
À
frente das manifestações estão, mais uma vez, jovens que se comunicam e se
convocam pela internet. Os partidos de oposição assumiram a luta iniciadas por
estudantes como Alexandra Prissiajniouk, de 19 anos, que numa das manifestações afirmou que na
eleição a postura do presidente era outra e que a população estava ali para dizer
que se sentiam europeus.
No domingo os ânimos se
acirraram, houve confrontos e os manifestantes tomaram o prédio da prefeitura
de Kiev, onde montaram o que chamam Quartel da Resistência. Para o Presidente
russo, o que está havendo é que querem derrubar um governo legitimamente eleito.
Mas a cada dia parece ficar mais claro que ser legitimamente eleito não basta
para a população. Lá, como cá, queremos mais. Muito mais que isso. Ou como diz
a canção: “A gente não quer só comida/ a gente quer comida / diversão e arte/ A
gente não quer só comida a gente quer saída / pra qualquer parte /A gente não
quer só comida a gente quer bebida / diversão, balé / A gente não quer só
comida / a gente quer a vida como a vida quer”
Na Tailândia, o foco é a
corrupção. Os manifestantes, entre eles muitos ligados a partidos de oposição,
acusam a Primeira Ministra Yingluck Shinawatra, eleita há dois anos, de usar a
maioria parlamentar que possui para criar leis que levem à anistia do irmão
dela, Thaksin Shinawatra, também legitimamente eleito, mas acusado
de corrupção, derrubado por um golpe há sete anos e exilado do país. Para os
lideres da oposição Thaksin continua a governar o país, inclusive distribuindo
dinheiro a parlamentares para que eles aprovem as medidas de seu interesse.
Analisando
politicamente, há uma diferença muito grande entre os dois casos, especialmente
porque a Tailândia é um país onde golpes de estado são quase corriqueiros: nos
últimos 80 anos houve 18 deles, ou seja uma média de um a cada seis anos. Já na
Ucrânia, apesar de negociações estarem em andamento há seis anos, o presidente
afirma que as regras são muito duras e iriam prejudicar as camadas mais pobres
da população. O que pode parecer estranho é que só agora com a pressão de
Putin, ele tenha percebido isso.
O
que parece estar claro é que a Primavera Árabe, o primeiro movimento social no
qual a internet teve participação fundamental, mais que mudanças no Oriente Médio e Norte da
África, serviu como um estopim para uma situação que analistas identificam em
todos os lugares: as mudanças são necessárias e precisam ser realizadas urgentemente.
Ninguém está feliz com o que recebe e muito menos com o que vê acontecer no
centro do poder.
E ao
pensar em mudanças, me veio à cabeça um post de minha amiga dos tempos de TV Bandeirantes,
Luciana Savaget, dia desses no Facebook, citando Fernando Teixeira de Andrade:
“Há um tempo em que é
preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e
esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É tempo
da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem
de nós mesmos."
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