Maurelio Menezes
Há
quem diga que a partir do final da Copa as manifestações nas ruas vão se
intensificar. Evidentemente que por trás delas haverá interesses
inconfessáveis. Em São Paulo atingir o governo tucano, no Rio o peemedebista. Em outros estados, atingir os
governos petistas (e seus aliados) e em especial o governo federal. Aqui em
Mato Grosso, por exemplo, o alvo será, sem dúvida o PMDB que, no apagar das
luzes, fez um acerto com o PT para apoiar Lúdio, candidato do PT.
Com
isso dançou o ex Juiz Federal Julier que foi convencido a se filiar ao partido
para ser seu candidato ao Governo. Acreditou e dançou como já dançara
antes o dono do grupo Gazeta, Dorileo Leal.
Em
São Paulo, Maluf, deu asas ao candidato do PT, Alexandre Padilha, posou para
foto com ele e o candidato petista chegou a, numa entrevista a dizer que não há
como se fazer uma omelete sem quebrar ovos, referindo-se ao apoio do PP de
Paulo Maluf à sua candidatura, empacada nos 4 por cento nas pesquisas. Maluf.
No ultimo dia das convenções, deu o golpe e sabe-se lá por quais argumentos,
bandeou-se para o PMDB de Paulo Skaf, ex- presidente da FIESP.
Essas
amarrações (ou ficaria melhor armações?) políticas são resolvidas às
escondidas, por uma meia dúzia de iluminados e as convenções se transformam em
puras encenações.
Agora
com os jogos da Copa ficou ainda mais fácil. Sábado, durante o jogo (ou logo depois dele) vários desses
caciques se reuniram pelo país afora, fizeram os acertos. Depois na segunda
feira, reuniram os convencionais e apresentaram a eles a chapa pronta e
fechada. A maior parte de mídia aqui em Mato Grosso noticiou que o PMDB era
cortejado por diversos partidos, mas preferiu o PT e ainda emplacou a Deputada
Tetê Bezerra como candidata a vice de Lúdio Cabral. Na verdade a candidatura da deputada foi
imposta como condição para o apoio, que significa um bom tempo na TV. Tudo foi
decidido na sede do PR, outro aliado, no sábado, logo depois do jogo da
seleção.
Essa
foi um dos gritos nas ruas em junho do ano passado: acabar com essa política do
toma lá dá cá, da negociação nada republicana, da enganação. E isso não mudou
nada. O grito foi em vão. Ou não entenderam o que as ruas pediam ou fingiram
que não entenderam porque na eleição que vem por aí os métodos serão os mesmos
de tantas outras que levaram nosso país e instituições como o Congresso ao que
eles são hoje. O Congresso, as Assembléias Legislativas e as Câmaras de
Vereadores têm tão pouca credibilidade que até o ex presidente Sarney disse ao
anunciar que não vai se candidatar mais a cargo publico algum que vai continuar
na política mas não quer exercer mais cargo público porque a política está
desestimulante.
A
mini reforma política aprovada pelo Congresso, sem ouvir o povo, não valerá
para a eleição de outubro. Não há interesse que ela valha. Eles querem
continuar a fazer da coisa pública um brinquedo e uma forma de enriquecimento
ilícito.
O
Congresso e a Assembléia que aí estão não nos representam, gritamos todos nas
ruas há exatamente um ano. E o que será eleito continuará a não nos
representar. O governo por sua vez continua a dar dinheiro aos empresários e
finge estar acabando com a pobreza no país. Só com o Imposto Sobre Produtos
Industrializados que deixou de receber das revendedoras deixou de arrecadar ate
agora mais de 15 bilhões de reais, dinheiro que poderia ser investido em
educação e saúde, outro grito das ruas há um ano. Mas o governo prefere, como
um Silvio Santos da vida, jogar dinheiro para um auditório seleto.
A
saúde continua como estava ou pior. Na educação a novidade foi a aprovação do
PNE, que estava tramitando há três anos e que não mexe no essencial: o
financiamento da educação pública e principalmente o projeto político
pedagógico da educação brasileira, uma educação que, como já escrevi aqui, tem
o objetivo de manter o poder hegemônico como está.
Não
é uma educação transformadora porque não cria no aluno o espírito crítico que
ele, como cidadão, precisa ter para transformar a sociedade e impedir que
algumas das falcatruas citadas acima não se repitam. Quando isso vai acontecer?
Quando nós nos posicionarmos contra o que ai está, quando sairmos do estado de
anomia em que vivemos, essa quase passividade que nos transforma a todos em
simples subalternos.
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