Em
Cuiabá foram inauguradas quatro ou cinco obras de qualidade duvidosa,
especialmente depois que desabou o viaduto em Belo Horizonte, que uma das obras
daqui uma semana depois da inauguração apresentou infiltração e em outra, o
asfalto já precisou ser remendado. A cidade foi maquiada nos dias em que aqui
houve jogos e agora volta a ser um canteiro de obras, mas num ritmo muito mais
lento do que antes. Em algumas destas obras há meia dúzia de trabalhadores
pegando no pesado. As ruas estão cheias de buracos a sinalização errada em
vários pontos.
Em
época de eleição o governo tira o dele da reta e afirma a todo momento: “O
dinheiro é federal, mas a responsabilidade pela execução é das prefeituras e
dos estados. Em outras palavras “Nossa candidata não tem nada a ver com isso”.
Ou “A incompetência é local e não federal”.
Mas
a Copa deixa outros legados. Descobriu-se que o brasileiro tem um pouco de
cuiabanidade, pois todos os turistas que passaram pelo país elogiaram a forma
como foram tratados. Isso é bem do cuiabano que sempre recebeu bem quem por aqui
passou e quem aqui veio e fez de Cuiabá sua terra. Os quatro jogos que foram
realizados aqui foram uma grande festa. Chilenos, australianos, russos,
colombianos, nigerianos, coreanos, japoneses e bósnios sentiram-se em casa.
O
grande legado, afirmam alguns jornalistas, seria a policia conseguir provar que
a FIFA faz parte da máfia dos cambistas, parcialmente desbaratada no Rio. Não
está muito longe disto já que a empresa que esta sendo acusada de repassar
ingressos para cambistas tem como um dos acionistas o sobrinho do presidente da
FIFA, que nega tudo. E não era de se esperar outra coisa.
Outro
legado foi o crescimento das mídias sociais na cobertura da Copa. Debateu-se
sobre sua inutilidade, sobre os jogos, sobre o absurdo de se torcer para esta
ou aquela seleção, fez se muitas piadas e falou-se de muita coisa séria, o que
característica própria da internet, que dá ao cidadão o poder de expor seu
pensamento sem censura ou patrulhamento de quem quer que seja.
Um
legado que ainda não ficou foi o brasileiro dirigir a energia que despendeu na
Copa para uma transformação radical no país. O que está ai não serve e isso
precisa ficar claro. Recorro mais uma vez às sábias palavras do Professor
Geovani Semeraro: “Em nenhum pais o sistema fez tão mal quanto vem fazendo ao
Brasil”. Em outubro teremos eleições e será uma boa oportunidade para se dar
inicio a esta mudança, primeiro riscando os oportunistas que se elegem para um
cargo e um ano depois do mandato já estão concorrendo a outro que certamente
lhe trará mais proveito. E exigindo as mudanças pelas quais fomos às ruas em
junho/julho do ano passado. E essa cobrança tem que começar já.
Sobre
a derrota que para muitos foi vexatória para a Alemanha, nada demais. O país de
Ângela Merkel ganha do Brasil de goleada em todos os quesitos que você quiser.
Na educação tem um projeto pedagógico de fazer inveja ao nosso. A Alemanha
investe cerca de 10 mil dólares/ano por aluno. O Brasil investe 2 mil, ou seja,
na educação a g0leada é de 10 a 2. Mas tem outros detalhes. O salário de um
professor da educação básica no Brasil é pouco mais de 500 dólares mês (embora,
com qualificação cheque a dois mil dólares). Na Alemanha é de 30 mil dólares. Na
saúde a comparação é mais triste ainda. Lá não se vê ninguém morrendo em porta
de hospital, muito menos quando se passa mal na frente deste hospital.
Em
termos de ciência, a maioria das escolas brasileiras não tem laboratório
próprio. Na Alemanha, todas têm. O resultado é que nos últimos anos os alemães
registraram 20 vezes mais patentes que os brasileiros. Ou seja, a goleada aqui
foi de 20 a 0. E se pensarmos sem termos de prêmio Nobel, a goleada é mais
vergonhosa ainda: 103 a 0.
Pensando
bem, este outro legado da Copa, os supostos vexatórios 7 x 1 no Mineirão, até
que ficaram barato.
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