quarta-feira, 9 de julho de 2014

DETALHES TÃO PEQUENOS DE NÓS TODOS

Maurelio Menezes
 
* Pergunta de uma senhora, na Estação do Pão, terça-feira, inicio da noite: “Será que eles pensam que nós somos idiotas tentando nos convencer que aquele ex Secretário foi assassinado por ciúmes?” Realmente é de se estranhar que menos de 24 horas depois da descoberta do corpo, a polícia já tenha resolvido o caso e, como disse o delegado, “está descartada qualquer outra hipótese como queima de arquivo”. É bem possível. Afinal, para o Poder Público, o brasileiro sempre acreditou em Papai Noel e em Coelhinho da Páscoa.

* Sobre Brasil e Alemanha, interessante a entrevista do David Luiz depois do jogo “Eu queria muito dar essa alegria ao povo tão sofrido, tão maltratado, tão... [...]”. O problema dessa Copa é que ela nasceu errada, como um projeto político partidário. O grande legado que ela nos deixará, como afirmou o petista Juca Kfouri, “é ter desmascarado a FIFA como integrante de uma grande máfia envolvida até na venda de ingresso por cambistas”. Mas nem isso até agora foi conseguido porque a apuração da polícia segue seu trâmite normal. E não vai ser resolvida de um dia pro outro, como num passe de mágica.

* Nas Mídias Sociais rolou de tudo. Posts engraçados, outros nem tanto, alguns sérios, outros sérios, mas um pouco exagerados. Alguns deles:

* “Isso representa mais que um simples jogo. Representa a vitória da competência sobre a malandragem. [...] O grande legado dessa copa é o exemplo para gerações futuras. [...] Amar a Pátria num jogo de futebol e no outro dia sair roubando, matando por ai ou cometendo pequenos delitos, seja ele qual for, furando fila, fazendo uma gambiarra, dando, enfim, o jeitinho brasileiro, vai nos manter sempre como estamos, sem possibilidade de construirmos um país melhor”

* “Não vou sair no quintal. É que tenho um pastor alemão e quando me ver em vez de latir, vai rir”

* Sobre uma foto da Dilma “A Copa tava comprada. Vocês me vaiaram e eu sustei o cheque”.

* “Por isso prefiro o UFC. Lá, quando alguém esta apanhando muito, o juiz interrompe.”

* “Urgente, Advogado do Fluminense vai entrar com um recurso para anular o jogo. De acordo com ele o alvará do Mineirão é para jogos de futebol e não para bailes”

* “Na moral... A Alemanha não destrói um país assim desde a segunda guerra mundial”

* “Espero que todos nós, brasileiros, sejamos tão patriotas nas urnas quanto o hino cantado lindamente pela torcida. Aliás, a minha torcida não é pelo futebol e sim pelo país. Cresce, Brasil! Cresce!!!” (Eduardo Mahon)

*Vergonha não é perder jogo ou campeonato. Vergonha é o índice de nosso IDH, a taxa de criminalidade em nossa sociedade e os níveis de corrupção do País. Vergonha é viaduto cair antes de ser inaugurado, pacientes deitados no chão em corredores de hospitais, crianças em escolas sem condições, professores mal preparados e mal remunerados! Isso sim é vergonha!” (Luiza Volpato)

Em 1982, no dia seguinte da derrota daquela seleção mágica para a fraca Itália, o poeta Carlos Drummond de Andrade, usou a primeira página do Caderno B do Jornal do Brasil para uma crônica maravilhosa, ilustrada por um passarinho ferido, com a bandeira nas costas (a musica “Voa, Passarinho Voa” embalava a seleção de Telê Santana que tinha Toninho Cerezo, Zico, Eder, Falcão, Sócrates, Junior e companhia). Drummond se referindo ao inicio do ano em que o brasileiro nada construíra porque o carnaval estava chegando e depois continuou sem construir à espera da vitória da seleção que jogava por música. E encerrava perguntando: “Que tal se agora começássemos a trabalhar porque já estamos no meio do ano?”

Pois é... Que tal se agora começássemos a trabalhar? Afinal estamos no meio do ano e que se começássemos por mostrar ao Poder Público que não acreditamos em Papai Noel e em Coelhinho da Páscoa?

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