Desde que assumiu o pontificado o Papa Francisco vem externando posições claras em defesa da mudança do sistema econômico de forma a torná-lo mais desigual. Faz isso não apenas nas palavras mas nun documento que recemente lançou como lpider maior da Igreja Católica. Isso levou alguns conservadores americanos a taxá-lo de "marxista", como se isso fosse uma ofensa ou o diminuisse. A resposta veio calmamanente numa entrevista a um dos principais jornalis italianos, tema do assunto do artigo publicado nesta quinta-feira, dia 19, na Folha do Estado de Mato Grosso. Voce tem acesso a ele na versão impressa do jornal, ou aqui no meu blog.
O Papa Francisco e o Marxismo
O Papa Francisco respondeu no domingo numa entrevista exclusiva ao jornal La Stampa, de forma educada, aos conservadores americanos que o “acusaram” de ser marxista. De acordo com ele, literalmente, “A teoria marxista está equivocada, mas ao longo da vida conheci muitos marxistas que eram boas pessoas, logo não me sinto ofendido em ser chamado de marxista”.
As
“acusações” surgiram quando Sua Santidade em seus pronunciamentos começou a
criticar não o capitalismo, mas a forma como ele está funcionando hoje no
mundo, a fome que ele faz aumentar, as desigualdades que ele provoca, a
distancia entre os que têm muito e os que nada têm que só faz aumentar. Quando
esteve no Brasil, o Papa foi claro: “os políticos deveriam ouvir as vozes das
ruas”.
Posteriormente,
numa analise da economia mundial, Francisco chamou atenção para o fato de o
capitalismo estar se transformando numa nova tirania, no que também foi
criticado. Ao La Stampa, o Papa disse que estava apenas apresentando um olhar
sobre o que está acontecendo no mundo com a solidificação de uma economia de
exclusão e desigualdade.
A
posição do Papa lembra uma afirmação na década de setenta do Cardeal brasileiro
Dom Helder Câmara. Quando foi questionado sobre suas posições políticas disse
algo como “Quando dou comida e moradia (foi ele quem construiu, no Leblon, a
Cruzada, para os desabrigados da Favela do Pinto, que fora incendiada) para os
pobres dizem que eu sou um santo padre. Mas quando pergunto por que essas
pessoas são pobres me taxam de comunista”.
Durante
os protestos no Brasil, diversos analistas afirmaram que as manifestações não
eram especificamente contra o capitalismo, embora em alguns cartazes e palavras
de ordem estivessem estampados os protestos contra ele. As manifestações sempre
foram contra o funcionamento do sistema, que privilegia uns em detrimento de
outros.
Antes
das manifestações, numa Seminário Temático, aqui em Cuiabá, o italiano Geovanni
Semeraro, professor da Universidade Federal Fluminense, afirmou que em nenhum
dos países que ele conhecia (e ele conhece muitos) o capitalismo foi tão
perverso quanto no Brasil.
Referindo-se
às manifestações brasileiras, em entrevista a O Globo, o francês Pierre Levy
afirmou que surgiu uma nova consciência entre os brasileiros e que os
resultados não seriam imediatos. E porque alertas como os do Papa não podem
despertar esse tipo de consciência também?
Há
algumas suspeitas em relação às ações do Papa. A verdade é que na Europa, ao
mesmo tempo em que o capital ganhou força, Deus foi aos poucos morrendo. Hoje,
as igrejas são muito mais templos de visitação e admiração por turistas, que
lugares para reflexão. Já na América Latina, o catolicismo perdeu espaço na
mesma proporção que cresceu a pobreza. Desta forma, O Papa estaria atirando no
que realmente existe, mas para recuperar o terreno perdido para a teologia da
prosperidade.
O
que parece fora de qualquer principio de bom senso é que cento e vinte anos
após a morte de Marx ainda haja quem pense que o mundo se divide em marxistas e
não marxistas. A questão é bem outra: é a falta de interesse dos políticos em
investir. O governo federal comemora recorde de arrecadação, quando deveria
comemorar recorde de investimento em setores essenciais. Mas o que se vê é o contrário:
por ser impedido pela justiça de aumentar o IPTU em São Paulo o prefeito
Fernando Haddad decidiu cortar investimento na Educação, logo ele que foi
Ministro da Educação. E no Orçamento Federal, o governo cortou 3 bilhões do
PAC, um programa criado para diminuir a falta de saneamento básico no pais. O
problema não é ser ou não marxista. Ser ou não capitalista. O problema é querer
que a miséria permaneça. Por muito tempo. Infelizmente. Esse é o monstro que os
Movimentos Sociais têm obrigação de combater.
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