Maurelio Menezes
Porque o tráfico de drogas no Brasil chegou ao ponto que está? Esta pergunta tem sido respondidas das mais diversas formas nos ultimos dias nas Midias Sociais, especialmente no Twitter. Há um grupo que coloca boa parte da culpa no consumidor seguindo o antigo raciocínio que, se ninguém consumir não haverá trafico. É mais ou menos como se dizer: se ninguem aceitar a corrupção, não haverá corruptos. Ou pior ainda: se você encontrar sua mulher (ou seu marido) o (a) traindo no sofá da sala, venda o sofá que ele(a) não te trairá mais.
Acredito sim que o usuário tem parcela da culpa pela evolução do tráfico. Mas só uma parcela. E pequena. A família, a escola, e várias outras entidades têm também uma parcela de culpa, assim como o Estado que sequer possibilita em grande escala tratamento a quem o procurar. Houve um grande avanço ao se considerar o usuário de droga alguém que precisa de tratamento. Mas o fato dele não procurar por esse tratamento o coloca numa situação delicada. Mas será que procurar um tratamento é algo assim tão simples? Com certeza, não. Porque ninguém se entrega às drogas por nada. Há sempre um motivo que, por mais que não concordemos com ele, é um motivo válido para quem se transformou em usuário.
O problema é muito maior, e não pode ser abordado sem antes de analisar diversos aspectos, como o baixo salário dos policiais, que abordei aqui no segundo Olhar sobre a suposta Guerra Urbana do Rio. Mas há também a absoluta falta de fiscalização por parte do poder público. O Brasil é um grande produtor de maconha, mas não produz Coca, materia prima da cocaina. Na campanha José Serra usou como um dos motes de seu programa a fiscalização das fronteiras, porque 60% da cocaina consumida no Brasil seria produzida na Bolivia (o resto provavelmente vem da Colombia). Mas há um outro detalhe. Bolivia, principalmente, e Colombia, não têm um parque industrial químico para produzir, por exemplo, a acetona, utilizada no refino. Ou seja, não basta fiscalizar a entrada, mas é preciso também a produção dos componentes químicos, a maioria promovida no Brasil. Aí os interesses são muitos e impedem a fiscalização, como também são muitos os interesses que impedem um avanço pesado sobre a industria do alcool, este sim a grande droga, que abre as portas para todas as outras. A arrecadação de impostos, só os federais, no Brasil esse ano será superior a trilhão de dólares, e boa parte disso vem da industria do fumo e do alcool. Ou seja, para o governo federal, quanto mais viciados, maior a arrecadação.
A suposta guerra urbana que está se desenrolando no Rio tem raizes muito mais profundas que uma simples briga do bem contra o mal, como alguns afirmam. Ao Poder Publico não interessa aprofundar o debate porque a maior parte da culpa é mesmo dele, que, entre muitas coisas, não fiscaliza, não reprime onde deve reprimir, não paga salarios dignos a policiais para que eles pelo menos resistam um pouco mais à corrupção. não amplia a rede de tratamento para diminuir o número de usuários, ataca apenas os traficantes das favelas, do morros (que a midia se encarrega de dioturnamente de transformar no traficante mais procurado do país), mas não mexe com os verdadeiros chefões que moram no "asfalto" em apartamentos luxuozérrimos, que não cria politicas publicas para evitar que a criança desde cedo se envolva com o crime, começando como fogueteiro, passe pipeiro, passe a olheiro, se transforme em avião e morra logo depois bringando por um posto de Lugar Tenente na hierarquia do tráfico, já que pouquíssimos chegam a chefiar uma Boca.
Fica mais fácil também para todos nós, que támbém temos nossa parcela de culpa nessa situação, a aplaudirmos um espetáculo como o dos ultimos dias, considerando tudo como positivo, sem usarmos o sacrassanta ferramenta da dúvida cartesiana ou agostiniana, fingindo que agora tudo está resolvido. Não está. E infelizmente está longe de se resolver.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
OLHARES SOBRE A "GUERRA URBANA" NO RIO - II
Maurelio Menezes
Hoje a primeira comprovação de que a suposta guerra ao tráfico no Rio está sendo usada como peça de propaganda pelos governos do Estado do Rio e Federal. Sumidos desde o inicio da crise, período em que falaram apenas via assessoria (Lula foi pego no contrapé numa solenidade internacional), Lula e Dilma são manchetes hoje, quando tudo está resolvido. Dilma anunciou aos quatro ventos que vai se reunir com o Governador Sérgio Cabral para avaliar a situação, reunião que deveria ter acontecido antes. E Lula usou a maior parte do seu programa de Rádio, Café com o Presidente, para falar sobre a atuação das forças aliadas no Rio.
Declarações de comandantes da polícia dadas hoje à Globo News, mostram também a diferença entre o discurso dos propagandistas de plantão, que só fazem manipular, e da polícia, que efetivamente merece elogios pelo trabalho realizado. De acordo com o Coronel Garcia, as imagens divulgadas na quinta-feira e reforçadas como sendo uma fuga em massa de traficantes não foi mais que um deslocamento dos marginais dentro de seu proprio território. De acordo com ele, criou-se uma imagen que não condiz com a realidade já que Vila Cruzeiro e Alemão fazem parte da mesma "comunidade".
A polícia do Rio tem feito milagres pelo abandono a que está submetida há anos, inclusive no governo Cabral porque se é verdade que há a banda podre nessa polícia também é verdade que poucas policias no país estão tão abandonadas, inclusive pelo governo federal que para atender interesses de aliados como Sérgio Cabral, impede a aprovação da PEC 300, que prevê a criação de uma espécie de piso nacional para as forças de segurança. Hoje, até para correr riscos menores, os policiais do Distrito Federal ganham até tres vezes mais que um policial de outro Estado.A PEC 300 pretende corrigir esta distorção, mas o governo federal faz jogo de cena (Lula, que debaixo do pano trabalha pela não aprovação, posou com uma camiseta em defesa da aprovação durante uma grande manifestação em Brasília) atendendo ao jogo de governadores. Se você não acompanha a tramitação da PEC 300 veja aqui do que se trata e como está a situação.
Governantes têm agora uma boa oportunidade de mostrarem que não estão fazendo cena. Eles poderiam reconhecere o trabalho da polícia. apoiando pra valer a aprovação da PEC 300. Com ela policiais, que em sua maioria mora nas mesmas comunidades populares onde têm que combater o crime, teriam uma vida menos indigna e estariam menos sujeitos aos encantos do dinheiro fácil da contravenção. Mas aí, ate prova em contrário, é pedir demais.
Hoje a primeira comprovação de que a suposta guerra ao tráfico no Rio está sendo usada como peça de propaganda pelos governos do Estado do Rio e Federal. Sumidos desde o inicio da crise, período em que falaram apenas via assessoria (Lula foi pego no contrapé numa solenidade internacional), Lula e Dilma são manchetes hoje, quando tudo está resolvido. Dilma anunciou aos quatro ventos que vai se reunir com o Governador Sérgio Cabral para avaliar a situação, reunião que deveria ter acontecido antes. E Lula usou a maior parte do seu programa de Rádio, Café com o Presidente, para falar sobre a atuação das forças aliadas no Rio.
Declarações de comandantes da polícia dadas hoje à Globo News, mostram também a diferença entre o discurso dos propagandistas de plantão, que só fazem manipular, e da polícia, que efetivamente merece elogios pelo trabalho realizado. De acordo com o Coronel Garcia, as imagens divulgadas na quinta-feira e reforçadas como sendo uma fuga em massa de traficantes não foi mais que um deslocamento dos marginais dentro de seu proprio território. De acordo com ele, criou-se uma imagen que não condiz com a realidade já que Vila Cruzeiro e Alemão fazem parte da mesma "comunidade".
A polícia do Rio tem feito milagres pelo abandono a que está submetida há anos, inclusive no governo Cabral porque se é verdade que há a banda podre nessa polícia também é verdade que poucas policias no país estão tão abandonadas, inclusive pelo governo federal que para atender interesses de aliados como Sérgio Cabral, impede a aprovação da PEC 300, que prevê a criação de uma espécie de piso nacional para as forças de segurança. Hoje, até para correr riscos menores, os policiais do Distrito Federal ganham até tres vezes mais que um policial de outro Estado.A PEC 300 pretende corrigir esta distorção, mas o governo federal faz jogo de cena (Lula, que debaixo do pano trabalha pela não aprovação, posou com uma camiseta em defesa da aprovação durante uma grande manifestação em Brasília) atendendo ao jogo de governadores. Se você não acompanha a tramitação da PEC 300 veja aqui do que se trata e como está a situação.
Governantes têm agora uma boa oportunidade de mostrarem que não estão fazendo cena. Eles poderiam reconhecere o trabalho da polícia. apoiando pra valer a aprovação da PEC 300. Com ela policiais, que em sua maioria mora nas mesmas comunidades populares onde têm que combater o crime, teriam uma vida menos indigna e estariam menos sujeitos aos encantos do dinheiro fácil da contravenção. Mas aí, ate prova em contrário, é pedir demais.
domingo, 28 de novembro de 2010
OLHARES SOBRE A "GUERRA URBANA" NO RIO - I
Maurelio Menezes
O filósofo francês René Descartes fez da dúvida a principal ferramenta para se biscar um conhecimento seguro. Santo Agostinho preconizava que a dúvida é o principio da sabedoria. Pessoalmente, tenho a dúvida como minha principal conselheira e absolutamente todos os momentos. E não é por outro motivo que frequentemente duvido de minhas próprias convicções. Por isso mesmo desde o dia em que começou a chamada crise da segurança no Rio venho me questionando o que existe por trás disso tudo? Quais os interesses que estão por trás dessa ação, que começou de repente, sem um motivo aparente? A partir de hoje vou postar aqui uma série de consideçãoes, resultados dessas dúvidas e que compõem meu Olhar sobre essa suposta guerra urbana
Nas ultimas semanas, a cada dia se solidificou mais a imagem da história da Vaca na Sala. Você não conhece a história? O sujeito não aguentava mais tantos problemas em casa, que envolviam a mulher, os filhos, as finanças, a saúde, enfim tudo. Procurou um desses gurus de auto ajuda, que o aconselhou a colocar uma vaca na sala. Dias depois ele voltou a procurar o guru afirmando que a situação piorara muito, porque, além de todos os problemas anteriores, agora tinha a vaca sujando a casa derrubando móveis, enfim, provocando o caos. O guru então lhe sugeriu que tirasse a vaca da sala. Ele seguiu a orientação e dias depois voltou feliz porque todos os problemas provocados pela vaca já náo existiam.
Frequentemente, e em Comunicação, estudamos e aprendemos isso: numa sociedade do espetáculo como definiu Guy Débord, nada melhor que um espetáculo para se esconder alguma coisa ou se desviar atenção de um problema maior( e se o espetáculo não existir necessário é que ele seja montado). Mas qual seria esse problema? Afinal, os ataques incendiarios a carros e ônibus são reais. Imagens como as que invadiram nossas retinas nos últimos dias não se tratam de ficção. Mas alguns detalhes chamam atenção: a maioria dos veiculos incendiados foram ônibus e Vans, que apoiam o transporte coletivo no Rio. Todos, absolutamente todos, os incêndios foram em locais de bastante visibilidade e em horas sem muito trânsito, ou seja, mandava-se um recado e tinha-se campo livre para fuga. Poucas vezes houve feridos, isto é, os incendiários, traficantes ou não, não queriam atacar a população.
Para se entender o que está acontecendo, talvez seja necessário se voltar um pouco no tempo. No final do ano passado, já de olho na reeleição, Sérgio Cabral criou uma política de segurança em parceria com o Governo Federal, que por sua vez estava de olho na eleição de Dilma, àquela altura patinando nos 20% das intenções de voto. As UPPS -Unidades de Policia Pacificadora- surgiram como a panacéia para todos os problemas da segurança do Rio e um exemplo para o Brasil. A polícia invadia uma comunidade (estão usando o termo comunidade de forma errada, dando a impressão que se trata de um lugar onde vive um bando de gente pobre, sem voz e sem força) e ficava lá com instalação de dependências definitivas. Seria maravilhoso se não se tratasse apenas de uma peça de propaganda, no melhor estilo de Goebels. As inaugurações das UPPs sempre foram realizadas com com grande pompa e com a presença do Governador e em alguns casos do próprio Lula, que participou da inauguração da UPP do Dona Martha, em Botafogo, Zona Sul do Rio. No primeiro comício de Dilma no Rio, sempre ao lado de Lula, é claro, os dois falaram pelo menos 10 minutos cada um sobre as UPPs. Cada UPP, pela sua configuração, teria um quadro com a média de um policial para cada 30 habitantes, ou seja, apenas para o Rio, seriam necessáros 300 mil policiais para trabalhar exclusivamente nas UPPs. Num dos comícios que fez no Rio, para adoçar os olhos especialmente da classe média, Lula irresponsavelmente cometeu o absurdo de afirmar que o modelo das UPPs seria implantado em todo o país no governo Dilma. Em outras palavras, só para as UPPS teriamos que ter um efetivo de 7 milhões de políciais com equipamentos, armas e tudo que uma unidade exige, o que, todos sabem, é tão possivel quanto o Flamengo ser campeão brasileiro de 2010.
Essa ofensiva com o Exercito, Marinha (aliás, porque não convocaram também a Aeronatitica?), e todas as forças locais tornariam desnecessária a curto prazo novas investidas nas UPPs pois o tráfico estaria liquidado. Estaria? Qual o lider que foi preso na invasão do Alemão? Não chegaram ao asfalto onde estão os verdadeiros benefeciados do tráfico. Assim até agora tudo foi jogo de cena, tudo propaganda. Tudo pirotecnia para desinformados verem.
Amanhã a gente conversa sobre outro aspecto dessa guerra que não é guerra, desse espetáculo circense montado para desviar a atenção das centenas de problemas do Rio que não é isso, uma terra de ninguém. problemas que o governo Cabral jamais conseguirá resolver, não por ser o governo Cabral, mas por se tratar de problemas acumulados ao longo de séculos de cuidados superficiais, cuidados superficiais presentes também no governo Cabral.
O filósofo francês René Descartes fez da dúvida a principal ferramenta para se biscar um conhecimento seguro. Santo Agostinho preconizava que a dúvida é o principio da sabedoria. Pessoalmente, tenho a dúvida como minha principal conselheira e absolutamente todos os momentos. E não é por outro motivo que frequentemente duvido de minhas próprias convicções. Por isso mesmo desde o dia em que começou a chamada crise da segurança no Rio venho me questionando o que existe por trás disso tudo? Quais os interesses que estão por trás dessa ação, que começou de repente, sem um motivo aparente? A partir de hoje vou postar aqui uma série de consideçãoes, resultados dessas dúvidas e que compõem meu Olhar sobre essa suposta guerra urbana
Nas ultimas semanas, a cada dia se solidificou mais a imagem da história da Vaca na Sala. Você não conhece a história? O sujeito não aguentava mais tantos problemas em casa, que envolviam a mulher, os filhos, as finanças, a saúde, enfim tudo. Procurou um desses gurus de auto ajuda, que o aconselhou a colocar uma vaca na sala. Dias depois ele voltou a procurar o guru afirmando que a situação piorara muito, porque, além de todos os problemas anteriores, agora tinha a vaca sujando a casa derrubando móveis, enfim, provocando o caos. O guru então lhe sugeriu que tirasse a vaca da sala. Ele seguiu a orientação e dias depois voltou feliz porque todos os problemas provocados pela vaca já náo existiam.
Frequentemente, e em Comunicação, estudamos e aprendemos isso: numa sociedade do espetáculo como definiu Guy Débord, nada melhor que um espetáculo para se esconder alguma coisa ou se desviar atenção de um problema maior( e se o espetáculo não existir necessário é que ele seja montado). Mas qual seria esse problema? Afinal, os ataques incendiarios a carros e ônibus são reais. Imagens como as que invadiram nossas retinas nos últimos dias não se tratam de ficção. Mas alguns detalhes chamam atenção: a maioria dos veiculos incendiados foram ônibus e Vans, que apoiam o transporte coletivo no Rio. Todos, absolutamente todos, os incêndios foram em locais de bastante visibilidade e em horas sem muito trânsito, ou seja, mandava-se um recado e tinha-se campo livre para fuga. Poucas vezes houve feridos, isto é, os incendiários, traficantes ou não, não queriam atacar a população.
Inauguração da UPP do Morro do Turano |
Essa ofensiva com o Exercito, Marinha (aliás, porque não convocaram também a Aeronatitica?), e todas as forças locais tornariam desnecessária a curto prazo novas investidas nas UPPs pois o tráfico estaria liquidado. Estaria? Qual o lider que foi preso na invasão do Alemão? Não chegaram ao asfalto onde estão os verdadeiros benefeciados do tráfico. Assim até agora tudo foi jogo de cena, tudo propaganda. Tudo pirotecnia para desinformados verem.
Amanhã a gente conversa sobre outro aspecto dessa guerra que não é guerra, desse espetáculo circense montado para desviar a atenção das centenas de problemas do Rio que não é isso, uma terra de ninguém. problemas que o governo Cabral jamais conseguirá resolver, não por ser o governo Cabral, mas por se tratar de problemas acumulados ao longo de séculos de cuidados superficiais, cuidados superficiais presentes também no governo Cabral.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
ONDE ESTÁ O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL DE MATO GROSSO?
Maurelio Menezes
O outro caso aponta o deputado federal reeleito Wellington Fagundes que seria um dos beneficiários do desvio de dinheiro de uma série de licitações na região do Araguaia. Wellington, surpreendentemente para a maioria dos analistas foi o candidato a deputado federal mais votado concorrendo com gente de peso na corrida eleitoral como Carlos Bezerra, Rogério Salles e Homero Pereira, todos com reduto eleitoral na mesma região que ele. Ao mesmo tempo Wellington gastou os tubos na campanha. Cabe ao Ministério Púboico descobrir de onde venio o dinheiro da campanha e, mais que isso, se foi e o que foi gasto por fora. Para se ter uma idéia da ostentação de Wellington, no dia do debate aqui em Cuiabá, que não é reduto eleitoral dele, na TV Rondon (aquele que mudaram as regras em cima da hora para favorecer Silval Barbosa), na rua havia mais cabos eleitorais de Wellington que dos candidatos ao governo.
Se o Ministério Público Eleitoral fizer sua parte vai confirmar, com certeza, o que todos sabem e comentam em Cuiabá: dessa foi a eleição mais comprada e na qual mais correu dinheiro roubado da história de Mato Grosso. E com certeza muita gente não vai tomar posse e outros que até agora conseguiram se livrar vão tirar férias atras das grades. Com a palavra o MPE.
Porque até agora o Ministério Público Eleitoral de Mato Grosso não entrou pesado em dois assuntos que a Policia Civil deixou passar sabe-se lá porque. Ou melhor, sabe-se, mas não se comenta. Um deles envolve os ex secretários estaduais de Infra estrutura Vilceu Marchetti e de administração Geraldo de Vito. O outro diz respeito ao presidente do PR em Mato Grosso, Wellingtn Fagundes e o ex prefeito de Barra do Garças - MT, Wandeley Farias, também do PR.
A Polícia Civil não descobriu nada , mas as investigações da Justiça Federal, aquelas que, sabe-se lá porque, ou melhor sabe-se, o governador reeleito de MT Silval Barbosa queria impedir tendo recorrido à justiça para isso, não chegou a conclusão alguma. Vilceu Marchetti, de acordo com essas investigações, era modesto: levou apenas 5 por cento do dinheiro desviado na fraude dos maquinários. Suponhamos que Geraldo de Vito tenha levado outros cinco por cento. E o resto da grana? Com certeza foi para o caixa 2 de campanha. De quem? É a primeira resposta que o Ministério Público Eleitoral deve buscar. Todos sabem a resposta, porque ficou claro quem tinha dinheiro na campanha para comprar inclusive jornalistas e veículos de comunicação para atacar os outros e defender o comprador.
Vilceu Marchetti, chorando |
Geraldo De Vitto, rindo |
Mas ha outro detalhe. Será que Marchetti, que tem aparecido fazendo teatro às lágrimas, começou a desviar dinheiro somente agora? É muito provavel que não, porque ninguem se torna impobro de uma hora para outra. Se o governador Silval não tem nada mesmo a esconder, o que duvida-se, deveria colocar sob suspeição todas as licitações feitas pela SINFRA com Vilceu à frente. Afinal se o rombo nas contas do estado hoje é superior a um bilhão e meio (apenas de restos a pagar do ano passado são quase um bilhão de reais)é bem provavekl que boa parte dele tenha sumido pelo ralo da corrupção do atual governo que, ao que tudo indica, tem um tamanho impossivel de se calcular.
Wellington Fagundes : "Venha a nós!" |
Se o Ministério Público Eleitoral fizer sua parte vai confirmar, com certeza, o que todos sabem e comentam em Cuiabá: dessa foi a eleição mais comprada e na qual mais correu dinheiro roubado da história de Mato Grosso. E com certeza muita gente não vai tomar posse e outros que até agora conseguiram se livrar vão tirar férias atras das grades. Com a palavra o MPE.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
O DESCASO COM A EDUCAÇÃO SUPERIOR
Maurelio Menezes
Durante a campanha o governo federal tentou passar uma idéia que está cuidando da educação superior, que aumentou o numero de vagas, que o Brasil finalmente entrou no Primeiro Mundo no que se refere a educação superior. Foi desmentido pelos fatos, fatos que por todo o país continuam a mostrar que a educação superior nunca foi tão abandonada.O Brasil melhorou no ranking internacional de pesquisas? Melhorou. Mas muito mais porque hoje, pelo avanço da tecnologia e pelo interesse na iniciativa privada e terceiro setor que por méritos do setor público.
Na UFMT os exemplos são muitos, mas vou me ater a apenas um: uma das disciplinas que ministro na Habilitação Jornalismo do Curso de Comunicação Social, Técnicas de Produção e Difusão em Telejornalismo, não será concluida como deveria por um motivo simples: não há técnicos para a realização com os alunos do conteudo jornalistico produzido por eles. Essa novela se arrasta a vários semestres e, com os alunos, já tomei as mais diversas atitutes, inclusive a suspensão da disciplina, sem que os administradores , a quem cabe resolver esse imbroglio, se dignassem a dar uma solução ao caso . A administração superior se diz impotente para resolver o problema porque o Governo Federal não autoriza a abertura de concurso para técnicos. Ao mesmo tempo nunca se construir tantos prédios quanto nos últimos anos. Ou seja, privilegia-se o espaço fisico mas não o dota do essencial para dar uma formação de qualidade a quem o utilizar. Investe-se na construção de prédios e não se investe na contratação de seres humanos que vão possibilitar a construção do conhecimento nesses predios. E assim os alunos vão saindo da Universidade com uma formação incompleta. Mas para o Poder Central tudo está às mil maravilhas.
Mas o abandono e o desvio do que seria o objetivo, a finalidade do ensino superior não é privilégio da UFMT. A Folha de S.Paulo traz hoje reportagem sobre desperdicio de dinheiro público na UNIFESP, a Universidade Federal de São Paulo (A reportagem pode ser lida aqui). O Ministério Publico Federal constatou que lá o desperdicio é superior a um milhão e duzentos mil reais, prédios que nçao estáo sendo utilizados. Ao mesmo tempo, os alunos iniciaram em greve essa semana por falta de estrutura. Ou seja, joga-se pelo ralo dinheiro que poderia ser utilizado na dotação da infra estrutura necessária à oferta de um ensino superior de qualidade.
Há casos absurdos em que o imóvel foi alugado e devolvido um ano e meio depois sem nunca ter sido utilizado. A foto ao lado, do repórter fotográfico Moacyr Borges da Folha Press, mostra a entrada de um prédio na rua Borges Lagoa na Vila Clementino, alugado para o Departamento de Dermnatologia, que chegou a ser ocupado, mas teve que ser desocupado para realização de reformas e até hoje não foi ocupado de fato. Equipamentos, móveis, estçao amontodos se deteriorando pela falta de uso. A administração superior da UNIFESP, dois anos depois da primeira denuncia, até hoje não investigou o caso, não apurou se foi apenas incompetencia administrativa mesmo ou se houve fraude com desvio de dinheiro fins inconfessáveis, o que é o mais provável num país onde a corrupção só faz aumentar devido a impunidade que virou regra e que envolve os mais altos escalões. E ainda querem criar novos impostos ou ressucitar antigos. Para que? Para se ter mais verbas para desviar ou para fazer mau uso?
Durante a campanha o governo federal tentou passar uma idéia que está cuidando da educação superior, que aumentou o numero de vagas, que o Brasil finalmente entrou no Primeiro Mundo no que se refere a educação superior. Foi desmentido pelos fatos, fatos que por todo o país continuam a mostrar que a educação superior nunca foi tão abandonada.O Brasil melhorou no ranking internacional de pesquisas? Melhorou. Mas muito mais porque hoje, pelo avanço da tecnologia e pelo interesse na iniciativa privada e terceiro setor que por méritos do setor público.
Na UFMT os exemplos são muitos, mas vou me ater a apenas um: uma das disciplinas que ministro na Habilitação Jornalismo do Curso de Comunicação Social, Técnicas de Produção e Difusão em Telejornalismo, não será concluida como deveria por um motivo simples: não há técnicos para a realização com os alunos do conteudo jornalistico produzido por eles. Essa novela se arrasta a vários semestres e, com os alunos, já tomei as mais diversas atitutes, inclusive a suspensão da disciplina, sem que os administradores , a quem cabe resolver esse imbroglio, se dignassem a dar uma solução ao caso . A administração superior se diz impotente para resolver o problema porque o Governo Federal não autoriza a abertura de concurso para técnicos. Ao mesmo tempo nunca se construir tantos prédios quanto nos últimos anos. Ou seja, privilegia-se o espaço fisico mas não o dota do essencial para dar uma formação de qualidade a quem o utilizar. Investe-se na construção de prédios e não se investe na contratação de seres humanos que vão possibilitar a construção do conhecimento nesses predios. E assim os alunos vão saindo da Universidade com uma formação incompleta. Mas para o Poder Central tudo está às mil maravilhas.
Mas o abandono e o desvio do que seria o objetivo, a finalidade do ensino superior não é privilégio da UFMT. A Folha de S.Paulo traz hoje reportagem sobre desperdicio de dinheiro público na UNIFESP, a Universidade Federal de São Paulo (A reportagem pode ser lida aqui). O Ministério Publico Federal constatou que lá o desperdicio é superior a um milhão e duzentos mil reais, prédios que nçao estáo sendo utilizados. Ao mesmo tempo, os alunos iniciaram em greve essa semana por falta de estrutura. Ou seja, joga-se pelo ralo dinheiro que poderia ser utilizado na dotação da infra estrutura necessária à oferta de um ensino superior de qualidade.
Há casos absurdos em que o imóvel foi alugado e devolvido um ano e meio depois sem nunca ter sido utilizado. A foto ao lado, do repórter fotográfico Moacyr Borges da Folha Press, mostra a entrada de um prédio na rua Borges Lagoa na Vila Clementino, alugado para o Departamento de Dermnatologia, que chegou a ser ocupado, mas teve que ser desocupado para realização de reformas e até hoje não foi ocupado de fato. Equipamentos, móveis, estçao amontodos se deteriorando pela falta de uso. A administração superior da UNIFESP, dois anos depois da primeira denuncia, até hoje não investigou o caso, não apurou se foi apenas incompetencia administrativa mesmo ou se houve fraude com desvio de dinheiro fins inconfessáveis, o que é o mais provável num país onde a corrupção só faz aumentar devido a impunidade que virou regra e que envolve os mais altos escalões. E ainda querem criar novos impostos ou ressucitar antigos. Para que? Para se ter mais verbas para desviar ou para fazer mau uso?
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
E AGORA SILVAL?
Maurelio Menezes
O governador Silval Barbosa está entre a cruz e a espada. Ele sofreu sua primeira derrota após sua reeleição e vai vai ter agpra seu primeiro teste de fidelidade nos próximos dias quando tiver que escolher o novo Defensor Geral. Ele e o presidente da Assembléia, Mauro Savi, fizeram a campanha do atual Defensor Geral, Djalma Sabo Mendes, que, como se sabe, assumiu o cargo há dois anos tendo sido o terceiro colocado na disputa. Tanto Silval quanto Savi investiram pesado para que Djalma fosse reconduzido ao cargo, mas não conseguiram.
Nos corredores da Defensoria comenta-se que a máquina foi usada despudoradamente, apesar do colégio eleitoral ser pequeno, menos de 300 votantes. Promessas não teriam faltado. Há quem diga também, que o lançamento da candidatura de Valdenir Pereira, irmão do deputado federal reeleito, Valtenir Pereira, também teria sido articulado pelo governador e pelo presidente da AL, numa tentativa de dividir a oposição a Djalma, que foi tão competente em sua gestão que conseguiu a proeza de unir contra ele grupos adversários comandados pela ex Defensora Geral, Karol Rotini, e pelo ex Corregedor, André Prieto.
O resultado final da eleição, divulgado na própria sexta feira., colocou Prieto em primeiro lugar, Djalma em segundo e Valdenir em terceiro. E aí começou o problema para o Governador que terá que escolher entre os três o futuro Defensor Geral. Moralmente, não há o que discutir: André Prieto foi o mais votado e deveria ser o indicado, principalmente porque Djalma foi rejeitado pelos pares duas vezes e seria um desrespeito sua inidicação mais uma vez sem ter sido o mais votado. O que se comenta é que Silval está pensando duas vezes antes de reconduzir Djalma por um motivo muito simples: optar por ele é comprar briga com os deputados reeleitos José Riva e Sérgio Ricardo que mais uma vez devem comandar a mesa diretora da AL e que jogaram pesado para eleger Andre Prieto.
Será que o governador vai bater de frente com os dois que serão fundamentais para seu primeiro ano de gestão quando terá que tapar um buraco de um bilhão e meio de reais do orçamento do Estado, o que dificilmente conseguirá sem ter do seu lado a AL aprovando o que ele precisar? Se optar por respeitar a vontade das urnas, Silval irá contra os interesses do Promotor Paulo Prado e do Ministro do STF GilmarMendes, além de estar traindo seu afilhado.
O governador Silval Barbosa está entre a cruz e a espada. Ele sofreu sua primeira derrota após sua reeleição e vai vai ter agpra seu primeiro teste de fidelidade nos próximos dias quando tiver que escolher o novo Defensor Geral. Ele e o presidente da Assembléia, Mauro Savi, fizeram a campanha do atual Defensor Geral, Djalma Sabo Mendes, que, como se sabe, assumiu o cargo há dois anos tendo sido o terceiro colocado na disputa. Tanto Silval quanto Savi investiram pesado para que Djalma fosse reconduzido ao cargo, mas não conseguiram.
Nos corredores da Defensoria comenta-se que a máquina foi usada despudoradamente, apesar do colégio eleitoral ser pequeno, menos de 300 votantes. Promessas não teriam faltado. Há quem diga também, que o lançamento da candidatura de Valdenir Pereira, irmão do deputado federal reeleito, Valtenir Pereira, também teria sido articulado pelo governador e pelo presidente da AL, numa tentativa de dividir a oposição a Djalma, que foi tão competente em sua gestão que conseguiu a proeza de unir contra ele grupos adversários comandados pela ex Defensora Geral, Karol Rotini, e pelo ex Corregedor, André Prieto.
O resultado final da eleição, divulgado na própria sexta feira., colocou Prieto em primeiro lugar, Djalma em segundo e Valdenir em terceiro. E aí começou o problema para o Governador que terá que escolher entre os três o futuro Defensor Geral. Moralmente, não há o que discutir: André Prieto foi o mais votado e deveria ser o indicado, principalmente porque Djalma foi rejeitado pelos pares duas vezes e seria um desrespeito sua inidicação mais uma vez sem ter sido o mais votado. O que se comenta é que Silval está pensando duas vezes antes de reconduzir Djalma por um motivo muito simples: optar por ele é comprar briga com os deputados reeleitos José Riva e Sérgio Ricardo que mais uma vez devem comandar a mesa diretora da AL e que jogaram pesado para eleger Andre Prieto.
Será que o governador vai bater de frente com os dois que serão fundamentais para seu primeiro ano de gestão quando terá que tapar um buraco de um bilhão e meio de reais do orçamento do Estado, o que dificilmente conseguirá sem ter do seu lado a AL aprovando o que ele precisar? Se optar por respeitar a vontade das urnas, Silval irá contra os interesses do Promotor Paulo Prado e do Ministro do STF GilmarMendes, além de estar traindo seu afilhado.
sábado, 6 de novembro de 2010
O RISCO A SER EVITADO VI - O Exemplo de Indira Ghandi
Maurelio Menezes
O sexto Olhar sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir o comando de seus países é sobre uma mulher cujo sobrenome lembra paz, que fez esforços no sentido de conseguí-la, mas que não pensou duas vezes quando precisou ir á guerra e acabou vitima da violencia, assassinada por dois de seus guarda costas. Os primeiros cinco olhares (acesse clicando nos nomes) foram sobre a israelense (nascida na Ucrania) Golda Meier, a argentina Isabelita Perón, a bela paquistanesa Benazir Bhutto e a alemã Angela Merckel e a britanica Margareth Tatcher. Todas e mais Indira Ghandi, a personagem de hoje, tomaram posse como grandes esperanças e usando como figura de marketing o fato de serem a primeira mulher a governar seus países. Todas, apesar disso e de algumas conquistas, fracassaram no essencial. O motivo? Essas mulheres, como ja escrevi nos Olhares anteriores têm em comum um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo da vida não terem se destacado como representantes legítimas das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: com o fracasso em setores fundamentais, todas, em maior ou menor grau, apesar de conquistas,e com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países.
O olhar quase sempre distante, frio, triste até, contrastando com o sorriso das fotos posadas mostra bem o contraste que foi a vida de Indira Gandhi, adorada e odiada por milhões. Apesar do nome, ela não tinha parentesco algum com Mahatma Gandhi. Nascida Nehru, ganhou o Gandhi de seu marido, Feroze, que também não o tinha, mas o acrescentara por motivos políticos. Para alguns teóricos foi uma das mais destacadas políticas da história, porque tinha o raro poder de convencer multidões.
Antes se se transformar, em 1966, na primeira mulher a comandar a patriacalista India, Indira fora Presidente do Congresso e Ministra da Informação e Radiodifusão. Seu primeiro ato foi se unir à esquerda e destruir as lideranças tradicionais do Congresso. Foi considerada uma excelentre estrategista porque concentrou o poder em si própria, escolhendo auxiliares fracos, além de disseminar a cisão no Congresso para criar seu próprio partido.
Em 1971 foi reeleita convencendo a multidão que iria mudar a vida dos indianos (seu slogan era Garibi hatao! ou Acabar com a pobreza!). Não cumpriu, mas a exemplo de Margareth Tatcher fez da guerra uma ação de marketing, transformando o Paquistão em suas Ilhas Malvinas, com um detalhe: na guerra os paquistaneses eram apoiados pelos Estados Unidos. Mesmo assim Indira conseguiu que fosse criada a República de Bangladesh, o que elevou a auto estima do povo que, mais que nunca passou a adorar Indira. Na época, de acordo com o instituto Gallup, o mais conceituado do mundo. Indira era a governante com maior apoio popular no mundo.
A partir daí a ascenção de sua popularidade foi meteórica, mas na década de 70 despencou, quando foi acusada de crimes eleitorais na reeleição de 1971. Ao ser considerada culpada pela Corte, e ter seus direitos suspensos por seis anos, Indira disse que iria dar um tempo na democracia, dando um golpe, declarando Estado de Emergencia, e passando a governar o país de forma ditatorial.
Foi nessa época que tomou suas decisões mais polemicas mas que tiveram grande apoio popular, como, na contramão do que apontavam os economistas, nacionalizar os bancos (muitos bancos provados haviam falido e arrastado parte do depósito do povo com eles). Indira também interrompeu o pagamento de pensão pessoal á casta dos príncipes que haviam perdido o poder com a independencia do pais.
O grande programa de Indira foi realizado na agricultura, onde diversificou a cultura e deu um passo grande no combate à fome no pais.Conhecido como Revolução Verde o programa foi fundamental para que a India se tornasse autosuficiente na produção de cereais, o que praticamente acabou com a importação de grãos pelo país. Esse esforço fez com que ela passasse a ser conhecida como a Mãe da India. Mas nem isso foi suficidente para impedir sua derrota em 1977 que aconteceu extamanente em função das medidas que tomou contra a liberdade, e que levaram o povo a pensar num retrocesso que os levasse ao estado anterior à independencia.
Entre essas medidas, criticadas em todo o mundo livre, estavam a redução das liberdades civis, dissolução das Assembléias oposicionistas, perseguição, prendendo e, de acordo com denuncias, mandando torturar lideres da oposição. Os meios de comunicação foram censurados e boicotados (frequentemente ela mandava cortar a energia elétrica dos prédios onde eles funcionavam). Com maioria no Congresso editou leis cada vez mais duras sempre sem discussão nem debate. Sua derrota em 1977 foi saudada no mundo como a queda de mais uma ditadura.
Apesar do apoio das classes mais pobres e mais jovens, que a levou de volta ao poder em 1979 (ela governou de uma forma mais branda até ser assassinada em 1984), até hoje sua passagem pelo poder é controversa, pelo período ditatorial e pela guerra aos sikhs considerada por muitos como o maior genocídio da história do país e pelo qual a responsabilizam totalmente. Somente na invasão do Santuário Harmindar Sahib seus soldados mataram quase cem soldados sikhs e cerca de 500 civis. As posições belicistas de Indira criaram uma comoção entre seus seguidores que passaram a perseguir os sikhs e em apenas uma destas investidas mataram mais de dois mil inocentes.
Indira foi assassinada por dois guarda costas, Beant Singh, que foi morto no próprio local do assassinato, e Satwant Singh, enforcado quatro anos depois. Indira foi substituida pelo filho mais velho, Ragiv Gandhi, que em 1991 teve o mesmo fim da mãe (o filho mais novo dela, Sanjay, morrera num atentado em que o avião que estava explodiu no ar). A viuva dele, Sônia Gandhi, que é italiana, conseguiu, na base da emoção, formar uma grande coalização e levar o partido do marido à vitória nas eleições de 2004, mas se recusou a assumir o cargo de Primeira Ministra, afirmando que o sangue dos Gandhis não correrá mais pela India.
O sexto Olhar sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir o comando de seus países é sobre uma mulher cujo sobrenome lembra paz, que fez esforços no sentido de conseguí-la, mas que não pensou duas vezes quando precisou ir á guerra e acabou vitima da violencia, assassinada por dois de seus guarda costas. Os primeiros cinco olhares (acesse clicando nos nomes) foram sobre a israelense (nascida na Ucrania) Golda Meier, a argentina Isabelita Perón, a bela paquistanesa Benazir Bhutto e a alemã Angela Merckel e a britanica Margareth Tatcher. Todas e mais Indira Ghandi, a personagem de hoje, tomaram posse como grandes esperanças e usando como figura de marketing o fato de serem a primeira mulher a governar seus países. Todas, apesar disso e de algumas conquistas, fracassaram no essencial. O motivo? Essas mulheres, como ja escrevi nos Olhares anteriores têm em comum um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo da vida não terem se destacado como representantes legítimas das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: com o fracasso em setores fundamentais, todas, em maior ou menor grau, apesar de conquistas,e com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países.
O olhar quase sempre distante, frio, triste até, contrastando com o sorriso das fotos posadas mostra bem o contraste que foi a vida de Indira Gandhi, adorada e odiada por milhões. Apesar do nome, ela não tinha parentesco algum com Mahatma Gandhi. Nascida Nehru, ganhou o Gandhi de seu marido, Feroze, que também não o tinha, mas o acrescentara por motivos políticos. Para alguns teóricos foi uma das mais destacadas políticas da história, porque tinha o raro poder de convencer multidões.
Antes se se transformar, em 1966, na primeira mulher a comandar a patriacalista India, Indira fora Presidente do Congresso e Ministra da Informação e Radiodifusão. Seu primeiro ato foi se unir à esquerda e destruir as lideranças tradicionais do Congresso. Foi considerada uma excelentre estrategista porque concentrou o poder em si própria, escolhendo auxiliares fracos, além de disseminar a cisão no Congresso para criar seu próprio partido.
Em 1971 foi reeleita convencendo a multidão que iria mudar a vida dos indianos (seu slogan era Garibi hatao! ou Acabar com a pobreza!). Não cumpriu, mas a exemplo de Margareth Tatcher fez da guerra uma ação de marketing, transformando o Paquistão em suas Ilhas Malvinas, com um detalhe: na guerra os paquistaneses eram apoiados pelos Estados Unidos. Mesmo assim Indira conseguiu que fosse criada a República de Bangladesh, o que elevou a auto estima do povo que, mais que nunca passou a adorar Indira. Na época, de acordo com o instituto Gallup, o mais conceituado do mundo. Indira era a governante com maior apoio popular no mundo.
A partir daí a ascenção de sua popularidade foi meteórica, mas na década de 70 despencou, quando foi acusada de crimes eleitorais na reeleição de 1971. Ao ser considerada culpada pela Corte, e ter seus direitos suspensos por seis anos, Indira disse que iria dar um tempo na democracia, dando um golpe, declarando Estado de Emergencia, e passando a governar o país de forma ditatorial.
Foi nessa época que tomou suas decisões mais polemicas mas que tiveram grande apoio popular, como, na contramão do que apontavam os economistas, nacionalizar os bancos (muitos bancos provados haviam falido e arrastado parte do depósito do povo com eles). Indira também interrompeu o pagamento de pensão pessoal á casta dos príncipes que haviam perdido o poder com a independencia do pais.
O grande programa de Indira foi realizado na agricultura, onde diversificou a cultura e deu um passo grande no combate à fome no pais.Conhecido como Revolução Verde o programa foi fundamental para que a India se tornasse autosuficiente na produção de cereais, o que praticamente acabou com a importação de grãos pelo país. Esse esforço fez com que ela passasse a ser conhecida como a Mãe da India. Mas nem isso foi suficidente para impedir sua derrota em 1977 que aconteceu extamanente em função das medidas que tomou contra a liberdade, e que levaram o povo a pensar num retrocesso que os levasse ao estado anterior à independencia.
Entre essas medidas, criticadas em todo o mundo livre, estavam a redução das liberdades civis, dissolução das Assembléias oposicionistas, perseguição, prendendo e, de acordo com denuncias, mandando torturar lideres da oposição. Os meios de comunicação foram censurados e boicotados (frequentemente ela mandava cortar a energia elétrica dos prédios onde eles funcionavam). Com maioria no Congresso editou leis cada vez mais duras sempre sem discussão nem debate. Sua derrota em 1977 foi saudada no mundo como a queda de mais uma ditadura.
Apesar do apoio das classes mais pobres e mais jovens, que a levou de volta ao poder em 1979 (ela governou de uma forma mais branda até ser assassinada em 1984), até hoje sua passagem pelo poder é controversa, pelo período ditatorial e pela guerra aos sikhs considerada por muitos como o maior genocídio da história do país e pelo qual a responsabilizam totalmente. Somente na invasão do Santuário Harmindar Sahib seus soldados mataram quase cem soldados sikhs e cerca de 500 civis. As posições belicistas de Indira criaram uma comoção entre seus seguidores que passaram a perseguir os sikhs e em apenas uma destas investidas mataram mais de dois mil inocentes.
Indira foi assassinada por dois guarda costas, Beant Singh, que foi morto no próprio local do assassinato, e Satwant Singh, enforcado quatro anos depois. Indira foi substituida pelo filho mais velho, Ragiv Gandhi, que em 1991 teve o mesmo fim da mãe (o filho mais novo dela, Sanjay, morrera num atentado em que o avião que estava explodiu no ar). A viuva dele, Sônia Gandhi, que é italiana, conseguiu, na base da emoção, formar uma grande coalização e levar o partido do marido à vitória nas eleições de 2004, mas se recusou a assumir o cargo de Primeira Ministra, afirmando que o sangue dos Gandhis não correrá mais pela India.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
O RISCO A SER EVITADO V - O Exemplo de Margareth Tatcher
Maurelio Menezes
A mulher que popularizou o apelido Dama de Ferro, que originariamente fora dado a Golda Meier, é a personagem do quinto Olhar sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir no último século, o comando de seus países. Os primeiros quatro olhares (acesse clicando nos nomes) foram sobre a israelense (nascida na Ucrania) Golda Meier, a argentina Isabelita Perón, a bela paquistanesa Benazir Bhutto e a alemã Angela Merckel. Todas e mais Margareth Tatcher, a personagem de hoje, tomaram posse como grandes esperanças e usando como figura de marketing o fato de serem a primeira mulher a governar seus países. Todas, apesar disso e de algumas conquistas, fracassaram no essencial. O motivo? Essas mulheres, como ja escrevi nos Olhares anteriores têm em comum um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo da vida não terem se destacado como representantes legítimas das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: com o fracasso em setores fundamentais, todas, em maior ou menor grau, apesar de conquistas,e com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países.
Margareth Tatcher chegou á politica pelas mãos do marido, empresário da industria petrolifera e membro do Partido Conservador, que a elegeu para a Câmara dos Comuns em 1959, aos 34 anos de idade. Dois anos depois ja era Secretária de Estado para Assuntos Sociais e logo depois assumiu o Ministério da Educação e Ciência (ela se formara em Ciências Químicas em Oxford). Como Ministra uma de suas primeiras ações foi polêmica e provocou uma onda de protestos: acabou com a distribuição gratuita de leite nas escolas (alegava que a maioria não precisava da gratuidade).
Considerada a mais enérgica lider da ala direita do Partido Conservador assumiu o comando do partido em 1975 e apresentou uma proposta de programa economico que quatro anos mais tarde levaria os Conservadores ao poder, com ela se transformando na primeira mulher a exercer o cargo de Primeira Ministra no Reino Unido. As diretrizes básicas desse programa, que tinha como objetivo tirar o país da grave crise economica em que se encontrava, previa a diminuição da intervenção estatal na economia, um amplo programa de privatização, a redução dos serviços sociais e do poder dos Wags Councils, Conselhos que definiam os salários no pais. Com isso praticamente aboliu o salário mínimo, visto pelos Conservadores como um gargalo à administração (o Salário Minimo na Inglaterra somente viria a ser restabeleido vinte anos mais tarde, em 1999, por Tony Blair).
Como Primeira Ministra conseguiu de inicio interromper drasticamente a evolução da inflação (que mesmo assim chegou a 20 por cento ao ano) e valorizar a Libra Esterlina que passou a valer mais que o dólar americando, que desde a Segunda Guerra se transformara na moeda comercial em todo o mundo. Como efeito colateral de sua política economica, houve uma queda na produção industrial e, consequentemente, o aumento do desemprego em mais de 300 por cento. Outra consequencia de curto prazo foi a quebra de bancos e empresas, que, como no Brasil, ganhavam fortunas com a inflação e não sabiam viver sem ela. A consequencia a médio prazo foi a recessão, oficialmente assumida em 1981.
Até essa época o mundo a respeitava. O apelido de Dama de Ferro que pegou emprestado de Golda Meier passou a ser usado depois que o presidente americano Ronald Reagan a chamou de Homem Forte do Reino Unido pela forma dura e masculina com que exercia o poder. Mas a situação começou a mudar quando ela fez severas críticas à União Soviética, acusando Leonid Brejmev de desrespeito aos direitos humanos mais elementares (na época a URSS tentava ocupar o Afeganistão onde acabou derrotada por Osama Bin Laden que teve ajuda dos americanos). Para dse defender, Bejnev criticou as medidas economicas adotadas por ela. Socialistas de várias regiões do mundo assumiram as criticas do líder comunista e a colocaram como alvo principal de suas miras.
A redenção de Thatcher veio no ano seguinte, de forma propagandista. Na época, o regime Militar que dominava a Argentina tentou fazer marketing ao invadir e tomar as Ilhas Falklands, potentado britanico no Atlantico e as rebatizá-las de Malvinas. Tatcher interveio, soube usar a guerra a seu favor e sua intervenção teve apoio maciço da opinião pública. O resultado da vitória dela na guerra (que teve apoio logistico dos Estados Unidos) foi o inicio do fim do regime militar na Argentina e uma vitória esmagadora dos Conservadores, apesar da recessão e do desemprego. Em 82 eles conseguiram a maior vitória ja conquistada nas urnas por um partido do Reino Unido.
O Partido Trabalhista continuou a minar os programas de Tatcher, incentivando greves como a dos mineiros, que foi reprimida com dureza e que a colocou como alvo de atentatos a bomba. Tatcher reagiu limitando o direito de greve e intensificando o combate ao desemprego sem abrir mão de sua politica de privatização. De positivo nessa época foi a reaproximação com a Irlanda com quem definiu uma política de combate ao terrorismo.
Na nova vitória dos Conservadores em 1987, o começo do fim. A maioria conseguida no parlamento foi muito pequena e a gota d'água, de acordo com historiadores, foi a criação do Pool Tax, um imposto que quanto maior a quantia que tem que se pagar menor é a aliquota. Assim teoricamente, os mais pobres pagariam mais impostos que os mais ricos. O resultado foi uma grande pressão popular que a levou a renunciar ao cargo e 1990 e voltar á Cãmara dos Comuns onde ficou ate 1992 quando recebeu o título de Baronesa de Kesteven e passou a fazer parte da Câmara dos Lordes, onde está até hoje, quando se prepara um filme sobre sua vida, The iron Woman, que, pelo que foi divulgado há cerca de um mes, deverá ser estrelado por Meryl Streep e que de acordo com os produtores "conta a história de uma mulher que superou as barreiras de gênero e classe para ser ouvida em um mundo dominado por homens. A história mostra o preço que se paga pelo poder e é um retrato surpreendente de uma mulher extraordinária e complexa".
O sexto Olhar sobre mulheres que foram as primeiras a assumir o comando de seus países será sobre Indira Gandhi, assassinada em 1984 pelos seus dois guarda costas, teoricamente por motivos religiosos.
A mulher que popularizou o apelido Dama de Ferro, que originariamente fora dado a Golda Meier, é a personagem do quinto Olhar sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir no último século, o comando de seus países. Os primeiros quatro olhares (acesse clicando nos nomes) foram sobre a israelense (nascida na Ucrania) Golda Meier, a argentina Isabelita Perón, a bela paquistanesa Benazir Bhutto e a alemã Angela Merckel. Todas e mais Margareth Tatcher, a personagem de hoje, tomaram posse como grandes esperanças e usando como figura de marketing o fato de serem a primeira mulher a governar seus países. Todas, apesar disso e de algumas conquistas, fracassaram no essencial. O motivo? Essas mulheres, como ja escrevi nos Olhares anteriores têm em comum um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo da vida não terem se destacado como representantes legítimas das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: com o fracasso em setores fundamentais, todas, em maior ou menor grau, apesar de conquistas,e com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países.
Margareth Tatcher chegou á politica pelas mãos do marido, empresário da industria petrolifera e membro do Partido Conservador, que a elegeu para a Câmara dos Comuns em 1959, aos 34 anos de idade. Dois anos depois ja era Secretária de Estado para Assuntos Sociais e logo depois assumiu o Ministério da Educação e Ciência (ela se formara em Ciências Químicas em Oxford). Como Ministra uma de suas primeiras ações foi polêmica e provocou uma onda de protestos: acabou com a distribuição gratuita de leite nas escolas (alegava que a maioria não precisava da gratuidade).
Considerada a mais enérgica lider da ala direita do Partido Conservador assumiu o comando do partido em 1975 e apresentou uma proposta de programa economico que quatro anos mais tarde levaria os Conservadores ao poder, com ela se transformando na primeira mulher a exercer o cargo de Primeira Ministra no Reino Unido. As diretrizes básicas desse programa, que tinha como objetivo tirar o país da grave crise economica em que se encontrava, previa a diminuição da intervenção estatal na economia, um amplo programa de privatização, a redução dos serviços sociais e do poder dos Wags Councils, Conselhos que definiam os salários no pais. Com isso praticamente aboliu o salário mínimo, visto pelos Conservadores como um gargalo à administração (o Salário Minimo na Inglaterra somente viria a ser restabeleido vinte anos mais tarde, em 1999, por Tony Blair).
Como Primeira Ministra conseguiu de inicio interromper drasticamente a evolução da inflação (que mesmo assim chegou a 20 por cento ao ano) e valorizar a Libra Esterlina que passou a valer mais que o dólar americando, que desde a Segunda Guerra se transformara na moeda comercial em todo o mundo. Como efeito colateral de sua política economica, houve uma queda na produção industrial e, consequentemente, o aumento do desemprego em mais de 300 por cento. Outra consequencia de curto prazo foi a quebra de bancos e empresas, que, como no Brasil, ganhavam fortunas com a inflação e não sabiam viver sem ela. A consequencia a médio prazo foi a recessão, oficialmente assumida em 1981.
Até essa época o mundo a respeitava. O apelido de Dama de Ferro que pegou emprestado de Golda Meier passou a ser usado depois que o presidente americano Ronald Reagan a chamou de Homem Forte do Reino Unido pela forma dura e masculina com que exercia o poder. Mas a situação começou a mudar quando ela fez severas críticas à União Soviética, acusando Leonid Brejmev de desrespeito aos direitos humanos mais elementares (na época a URSS tentava ocupar o Afeganistão onde acabou derrotada por Osama Bin Laden que teve ajuda dos americanos). Para dse defender, Bejnev criticou as medidas economicas adotadas por ela. Socialistas de várias regiões do mundo assumiram as criticas do líder comunista e a colocaram como alvo principal de suas miras.
A redenção de Thatcher veio no ano seguinte, de forma propagandista. Na época, o regime Militar que dominava a Argentina tentou fazer marketing ao invadir e tomar as Ilhas Falklands, potentado britanico no Atlantico e as rebatizá-las de Malvinas. Tatcher interveio, soube usar a guerra a seu favor e sua intervenção teve apoio maciço da opinião pública. O resultado da vitória dela na guerra (que teve apoio logistico dos Estados Unidos) foi o inicio do fim do regime militar na Argentina e uma vitória esmagadora dos Conservadores, apesar da recessão e do desemprego. Em 82 eles conseguiram a maior vitória ja conquistada nas urnas por um partido do Reino Unido.
O Partido Trabalhista continuou a minar os programas de Tatcher, incentivando greves como a dos mineiros, que foi reprimida com dureza e que a colocou como alvo de atentatos a bomba. Tatcher reagiu limitando o direito de greve e intensificando o combate ao desemprego sem abrir mão de sua politica de privatização. De positivo nessa época foi a reaproximação com a Irlanda com quem definiu uma política de combate ao terrorismo.
Na nova vitória dos Conservadores em 1987, o começo do fim. A maioria conseguida no parlamento foi muito pequena e a gota d'água, de acordo com historiadores, foi a criação do Pool Tax, um imposto que quanto maior a quantia que tem que se pagar menor é a aliquota. Assim teoricamente, os mais pobres pagariam mais impostos que os mais ricos. O resultado foi uma grande pressão popular que a levou a renunciar ao cargo e 1990 e voltar á Cãmara dos Comuns onde ficou ate 1992 quando recebeu o título de Baronesa de Kesteven e passou a fazer parte da Câmara dos Lordes, onde está até hoje, quando se prepara um filme sobre sua vida, The iron Woman, que, pelo que foi divulgado há cerca de um mes, deverá ser estrelado por Meryl Streep e que de acordo com os produtores "conta a história de uma mulher que superou as barreiras de gênero e classe para ser ouvida em um mundo dominado por homens. A história mostra o preço que se paga pelo poder e é um retrato surpreendente de uma mulher extraordinária e complexa".
O sexto Olhar sobre mulheres que foram as primeiras a assumir o comando de seus países será sobre Indira Gandhi, assassinada em 1984 pelos seus dois guarda costas, teoricamente por motivos religiosos.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
O RISCO A SE EVITAR IV - O Exemplo de Angela Merkel
Maurelio Menezes
Depois de apresentar Olhares sobre Golda Meir, Isabelita Perón e Benazir Bhutto, o quarto Olhar da série de mulheres que, como Dilma Roussef, assumiram em regimes republicanos, o comando de seus países é sobre Angela Merkel, Primeira Ministra da Alemanha desde 2005, que tem visto nos ultimos tempos sua popularidade, a popularidade de seu partido, o CDU -União Democrata Cristã- e seus principais programas desceremn ladeira abaixo, além de, de acordo com alguns analistas, estar fazendo um mal muito grande aos demais países europeus. Essas mulheres, como ja escrevi nos Olhares anteriores têm em comum um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo não terem se destacado como representantes legítimas das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau, apesar de conquistas,e com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Considerada no ano passado pela Revista Forbes, como a mulher mais poderosa do mundo, Angela Merkel chegou ao poder apadrinhada pelo então Primeiro Ministro alemão Helmut Khol, no governo de quem fora Ministra da Mulher e da Juventude (no primeiro governo da Alemanha unificada, em 1990) e Ministra do Meio Ambiente. No início uma figura apagada na CDU, aproveitou-se de um escandalo de corrupção que atingiu seu padrinho e ocupou espaço a ponto de ser apontada como a única pessoa que poderia assumir a liderança do partido e tirá-lo da enrascada em que fora metido por Khol.
Embora aparentemente e para consumo externo seja uma excelente governante é muito criticada internamente, especialmente em áreas que deveria se destacar como a social. Há algumas semanas apresentou um pacote econômico que prevê cortes em investimentos e uma austeriadade não vista nem mesmo quando a Alemanha saiu derrotada na Segunda Grande Guerra mundial. Os cortes serão principalmente na área social com demissões em massa em funções públicas e nas Forças Armadas que terão reduzido seu efetivo em cerca de 20%. Além disso a proposta prevê aumento de impostos em áreas essenciais, como na geração de energia nuclear, o que vai encarecer a conta do consumidor na ponta final do consumo. A idéia dela é economizar só no ano que vem onze bilhões de Euros. Com isso Frau Merkel espera diminuir a dívida publica da Alemanhta que em seu governo chegou a 73% do PIB. De acordo com o Financial Times, a política econômica de Merkel é tão frágil eque não convence nem mesmo o mercado interno. Resultado: o indice que mede a confiança dos investidores na Alemanha medido pelo independente Instituto ZEW, caiu de 21,1 pontos em julho para 14 em outubro, o pior nivel em cerca de dois anos.
Mas as criticas a Merkel não se resumem à economia. Conhecida por excentridades como beber, e muito, cerveja em público e eventualmente desfilar com modelos pouco aconselháveis a uma Chefe de Estado, acabou se tornando numa da personagens favoritas dos caricaturistas, apontados pelos defensores dela, como machistas.
Sempre papariacada pelos poderosos, Frau Merkel é acusada de ser joguete na mão deles. Para muitos essa paparicação teria sido o motivo que a levou a apoiar a invasão americana ao Iraque, bem como a tomar decisões que agradem alguns parceiros, embora prejudique a cada vez mais frágil União Européia. O resultado disso é que os indices de aprovação dela e do próprio partido têm despencado e hoje, caso as eleições fossem antecipadas (o mandato dela vai até 2013) ela não conseguiria se reeleger.
De acordo com dados da Forsa, principal Instituto de Pesquisa alemão a CDU, de Merkel, e a União Social-Cristã -CSU-, partido-irmão bávaro da legenda, teriam apenas 30% enquanto o aliado partido Democrático-Liberal (FDP) não passa da barreira de 5%, necessária para entrar no Parlamento. de acordo com o Forsa, esse é o pior desempenho da centro-direita, desde que começou a fazer pesquisas para a revista Stern, em 1986. As taxas de aprovação do governo também registraram forte queda desde a reeleição de Merkel em outubro do ano passado, à frente de uma coalizão de conservadores e liberais que teve de deixar de lado promessas de campanha como cortes de impostos e tem travado disputas sobre a realização de reformas.
Enquanto isso seu outrora aliado na chamada Grande Coalizão, o Partido Social Democrata -SPD-, tem se recuperado após registrar seu pior resultado eleitoral no pós-guerra no ano passado. Hoje ele, que tem como aliado o Partido Verde, contaria com 47% de apoio, o que seria o bastante para lhes dar uma maioria na câmara baixa do Parlamento.
Para complicar ainda mais, um dos grande programas sociais de Angela Merkel, compromisso dela com a juventude da CDU, o multiculturalismo que previa a integração de imigrantes está fazendo água a ponto dela reconhecer publicamente num festa com a Juventude que “O conceito multicultural não funcionou.”
O autoritarismo, que seria uma outra caracterítica sua, o fracasso na política economica, a falta de investimentos em programas sociais, as demissões em massa, a rendição aos interesses especialmente americanos em prejuizo da União Européia deu a Angela Merkel um novo apelido, o de Adolf Merkel e, mais uma vez a tornou objeto de caricaturas pouco lisongeiras.
Ela vai conseguir reverter a situação? Dificilmente, dizem os críticos, porque ela escolheu os caminhos e as companhias erradas para reverter essa situação.
Depois de apresentar Olhares sobre Golda Meir, Isabelita Perón e Benazir Bhutto, o quarto Olhar da série de mulheres que, como Dilma Roussef, assumiram em regimes republicanos, o comando de seus países é sobre Angela Merkel, Primeira Ministra da Alemanha desde 2005, que tem visto nos ultimos tempos sua popularidade, a popularidade de seu partido, o CDU -União Democrata Cristã- e seus principais programas desceremn ladeira abaixo, além de, de acordo com alguns analistas, estar fazendo um mal muito grande aos demais países europeus. Essas mulheres, como ja escrevi nos Olhares anteriores têm em comum um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo não terem se destacado como representantes legítimas das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau, apesar de conquistas,e com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Considerada no ano passado pela Revista Forbes, como a mulher mais poderosa do mundo, Angela Merkel chegou ao poder apadrinhada pelo então Primeiro Ministro alemão Helmut Khol, no governo de quem fora Ministra da Mulher e da Juventude (no primeiro governo da Alemanha unificada, em 1990) e Ministra do Meio Ambiente. No início uma figura apagada na CDU, aproveitou-se de um escandalo de corrupção que atingiu seu padrinho e ocupou espaço a ponto de ser apontada como a única pessoa que poderia assumir a liderança do partido e tirá-lo da enrascada em que fora metido por Khol.
Embora aparentemente e para consumo externo seja uma excelente governante é muito criticada internamente, especialmente em áreas que deveria se destacar como a social. Há algumas semanas apresentou um pacote econômico que prevê cortes em investimentos e uma austeriadade não vista nem mesmo quando a Alemanha saiu derrotada na Segunda Grande Guerra mundial. Os cortes serão principalmente na área social com demissões em massa em funções públicas e nas Forças Armadas que terão reduzido seu efetivo em cerca de 20%. Além disso a proposta prevê aumento de impostos em áreas essenciais, como na geração de energia nuclear, o que vai encarecer a conta do consumidor na ponta final do consumo. A idéia dela é economizar só no ano que vem onze bilhões de Euros. Com isso Frau Merkel espera diminuir a dívida publica da Alemanhta que em seu governo chegou a 73% do PIB. De acordo com o Financial Times, a política econômica de Merkel é tão frágil eque não convence nem mesmo o mercado interno. Resultado: o indice que mede a confiança dos investidores na Alemanha medido pelo independente Instituto ZEW, caiu de 21,1 pontos em julho para 14 em outubro, o pior nivel em cerca de dois anos.
Mas as criticas a Merkel não se resumem à economia. Conhecida por excentridades como beber, e muito, cerveja em público e eventualmente desfilar com modelos pouco aconselháveis a uma Chefe de Estado, acabou se tornando numa da personagens favoritas dos caricaturistas, apontados pelos defensores dela, como machistas.
Sempre papariacada pelos poderosos, Frau Merkel é acusada de ser joguete na mão deles. Para muitos essa paparicação teria sido o motivo que a levou a apoiar a invasão americana ao Iraque, bem como a tomar decisões que agradem alguns parceiros, embora prejudique a cada vez mais frágil União Européia. O resultado disso é que os indices de aprovação dela e do próprio partido têm despencado e hoje, caso as eleições fossem antecipadas (o mandato dela vai até 2013) ela não conseguiria se reeleger.
De acordo com dados da Forsa, principal Instituto de Pesquisa alemão a CDU, de Merkel, e a União Social-Cristã -CSU-, partido-irmão bávaro da legenda, teriam apenas 30% enquanto o aliado partido Democrático-Liberal (FDP) não passa da barreira de 5%, necessária para entrar no Parlamento. de acordo com o Forsa, esse é o pior desempenho da centro-direita, desde que começou a fazer pesquisas para a revista Stern, em 1986. As taxas de aprovação do governo também registraram forte queda desde a reeleição de Merkel em outubro do ano passado, à frente de uma coalizão de conservadores e liberais que teve de deixar de lado promessas de campanha como cortes de impostos e tem travado disputas sobre a realização de reformas.
Enquanto isso seu outrora aliado na chamada Grande Coalizão, o Partido Social Democrata -SPD-, tem se recuperado após registrar seu pior resultado eleitoral no pós-guerra no ano passado. Hoje ele, que tem como aliado o Partido Verde, contaria com 47% de apoio, o que seria o bastante para lhes dar uma maioria na câmara baixa do Parlamento.
Para complicar ainda mais, um dos grande programas sociais de Angela Merkel, compromisso dela com a juventude da CDU, o multiculturalismo que previa a integração de imigrantes está fazendo água a ponto dela reconhecer publicamente num festa com a Juventude que “O conceito multicultural não funcionou.”
O autoritarismo, que seria uma outra caracterítica sua, o fracasso na política economica, a falta de investimentos em programas sociais, as demissões em massa, a rendição aos interesses especialmente americanos em prejuizo da União Européia deu a Angela Merkel um novo apelido, o de Adolf Merkel e, mais uma vez a tornou objeto de caricaturas pouco lisongeiras.
Ela vai conseguir reverter a situação? Dificilmente, dizem os críticos, porque ela escolheu os caminhos e as companhias erradas para reverter essa situação.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O RISCO A SE EVITAR III - O Exemplo de Benazir Bhutto
Maurelio Menezes
No terceiro Olhar sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir o comando de seus países em regimes republicanos, depois de viajar pelas histórias de Golda Meier e de Isabelita Perón, a personagem de hoje é a paquistanesa Benazir Bhutto. Essas e outras mulheres sobre cujas histórias apresentarei aqui meus Olhares, como escrevi antes, em comum têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo da vida nenhuma delas ter se destacado como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau, apesar conquistas, com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Benazir Bhutto foi a típica lider forjada na academia e na resistência a um regime supostamente autoritário e, num determinado momento, foi vista como a grande possibilidade de modernização do pensamento numa região eternamente caracterizada como atrasada e extremamente patriarcalista. Depois de estudar em Harvard e Oxford, duas das principais universidades do mundo, se viu, aos 24 anos, obrigada a voltar para o Paquistão quando seu pai, o Primeiro Ministro Zulfikar Ali Bhutto foi deposto e preso por um golpe militar comandado pelo General Muhamad Zia Ul-Haq. Ao lado da mãe Benazir assumiu o comando do Partido Popular do Paquistão, o PPP. Dois anos depois, em 1979, o pai dela foi executado e ela presa, torturada e em 1984, expulsa do país.
No exilio no Reino Unido, com acesso à midia internacional, assumiu o comando da resistência ao regime de Zia, forçando reformas que incluiram o fim do toque de recolher no país e o reconhecimento dos partidos políticos de oposição. Em 1988, oito meses após retornar do exilio, o PPP conseguiu uma consagradora vitória nas urnas, com apoio especialmente das classes menos abastadas, ela se tornou a primeira mulher a se transformar em chefe de governo de um Estado muçulmano. Saudada pela comunidade internacional que, pela sua beleza e importancia, a chamava de Sherazade do Sec. XX, como um símbolo de liberdade e de modernidade, acabou se transformando num fiasco. Seu primeiro governo durou pouco menos de dois anos.
Em agosto de 1990 foi destituida pelo Presidente Ghulam Ishaq Kahn sob acusação de nepotismo, corrupção, desvio de verbas públicas e abuso de poder. A consequencia do governo dela foi uma derrota vexatória do PPP nas eleições gerais. Com isso ela voltou a fazer oposição ao governo, voltando a ser estilingue.
Três anos bastaram para que ela conseguisse convencer a população que fora vítima de um grande complô internacional que envolvia, inclusive, a Índia, país com quem o Paquistão trava uma guerra milenar pela posse de territórios. Em 1993, voltou a assumir pela segunda vez o cargo Primeira Ministra. Novas denuncias, desta vez mais graves. Além das anteriores, corrupção, nepotismo, desvio de dinheiro público e abuso de poder, Benazir foi acusada de autorizar assassinatos extra judiciais de opositores e de outros detentos comuns e deposta pelo então Presidente Farook Leghari.
A partir daí, embora tenha não tenha abandonado a política e mantivesse milhões de seguidores, sua vida se transformou numa ida e vinda a tribunais, inclusive intrernacionais, pois foi processada na Suiça acusada de ter recebido cerca de 12 milhões de dólares de duas empresas suiças como propina para que elas vencessem licitações no Paquistão. Em seu país foi considereda culpada de todas as acusações imputadas a ela. Antes para tentar escapar dos processos se auto exilara em Londres.
Anistiada pelo presidente Pervez Musharraf, voltou mais uma vez ao Paquistão. No dia de sua volta um atentado matou cerca de 150 pessoas, mas ela saiu ilesa. Tornou-se mais uma vez lider da oposição e se recusou a participar de um governo de coalização no qual ocuparia mais uma vez o cargo de Primeira Ministra.
A conturbada história da Sherazade Moderrna acabou de forma trágica. Foi assassinada em 27 de dezembro de 2007 tendo sido atingida no peito e no pescoço por um homem bomba que após atingi-la detonou o explosivo proximo ao carro em que ela acenava para a multidão, matando outras vinte pessoas. Ainda hoje há quem afirme que ela foi vítima por tentar mostrar o valor da mulher fazendo política num mundo dominado pelos homens e suas insensibilidades.
Amanhã, a história mais moderna dessas mulheres, a de Angela Merkel, da Alemanha.
No terceiro Olhar sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir o comando de seus países em regimes republicanos, depois de viajar pelas histórias de Golda Meier e de Isabelita Perón, a personagem de hoje é a paquistanesa Benazir Bhutto. Essas e outras mulheres sobre cujas histórias apresentarei aqui meus Olhares, como escrevi antes, em comum têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Ela têm em comum, também, o fato de ao longo da vida nenhuma delas ter se destacado como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau, apesar conquistas, com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Benazir Bhutto foi a típica lider forjada na academia e na resistência a um regime supostamente autoritário e, num determinado momento, foi vista como a grande possibilidade de modernização do pensamento numa região eternamente caracterizada como atrasada e extremamente patriarcalista. Depois de estudar em Harvard e Oxford, duas das principais universidades do mundo, se viu, aos 24 anos, obrigada a voltar para o Paquistão quando seu pai, o Primeiro Ministro Zulfikar Ali Bhutto foi deposto e preso por um golpe militar comandado pelo General Muhamad Zia Ul-Haq. Ao lado da mãe Benazir assumiu o comando do Partido Popular do Paquistão, o PPP. Dois anos depois, em 1979, o pai dela foi executado e ela presa, torturada e em 1984, expulsa do país.
No exilio no Reino Unido, com acesso à midia internacional, assumiu o comando da resistência ao regime de Zia, forçando reformas que incluiram o fim do toque de recolher no país e o reconhecimento dos partidos políticos de oposição. Em 1988, oito meses após retornar do exilio, o PPP conseguiu uma consagradora vitória nas urnas, com apoio especialmente das classes menos abastadas, ela se tornou a primeira mulher a se transformar em chefe de governo de um Estado muçulmano. Saudada pela comunidade internacional que, pela sua beleza e importancia, a chamava de Sherazade do Sec. XX, como um símbolo de liberdade e de modernidade, acabou se transformando num fiasco. Seu primeiro governo durou pouco menos de dois anos.
Em agosto de 1990 foi destituida pelo Presidente Ghulam Ishaq Kahn sob acusação de nepotismo, corrupção, desvio de verbas públicas e abuso de poder. A consequencia do governo dela foi uma derrota vexatória do PPP nas eleições gerais. Com isso ela voltou a fazer oposição ao governo, voltando a ser estilingue.
Três anos bastaram para que ela conseguisse convencer a população que fora vítima de um grande complô internacional que envolvia, inclusive, a Índia, país com quem o Paquistão trava uma guerra milenar pela posse de territórios. Em 1993, voltou a assumir pela segunda vez o cargo Primeira Ministra. Novas denuncias, desta vez mais graves. Além das anteriores, corrupção, nepotismo, desvio de dinheiro público e abuso de poder, Benazir foi acusada de autorizar assassinatos extra judiciais de opositores e de outros detentos comuns e deposta pelo então Presidente Farook Leghari.
A partir daí, embora tenha não tenha abandonado a política e mantivesse milhões de seguidores, sua vida se transformou numa ida e vinda a tribunais, inclusive intrernacionais, pois foi processada na Suiça acusada de ter recebido cerca de 12 milhões de dólares de duas empresas suiças como propina para que elas vencessem licitações no Paquistão. Em seu país foi considereda culpada de todas as acusações imputadas a ela. Antes para tentar escapar dos processos se auto exilara em Londres.
Anistiada pelo presidente Pervez Musharraf, voltou mais uma vez ao Paquistão. No dia de sua volta um atentado matou cerca de 150 pessoas, mas ela saiu ilesa. Tornou-se mais uma vez lider da oposição e se recusou a participar de um governo de coalização no qual ocuparia mais uma vez o cargo de Primeira Ministra.
A conturbada história da Sherazade Moderrna acabou de forma trágica. Foi assassinada em 27 de dezembro de 2007 tendo sido atingida no peito e no pescoço por um homem bomba que após atingi-la detonou o explosivo proximo ao carro em que ela acenava para a multidão, matando outras vinte pessoas. Ainda hoje há quem afirme que ela foi vítima por tentar mostrar o valor da mulher fazendo política num mundo dominado pelos homens e suas insensibilidades.
Amanhã, a história mais moderna dessas mulheres, a de Angela Merkel, da Alemanha.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
O RISCO A SE EVITAR II - O Exemplo de Isabelita Perón
Maurelio Menezes
Hoje você vai conhecer um novo Olhar meu sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir o comando de seus pais. Como escrevi ontem, ao abrir essa série falando de Golda Meir, em comum todas têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Em comum também, que ao longo da vida nenhuma delas se destacou como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau, apesar conquistas, com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
O segundo governo dessas mulheres sobre o qual vou apresentar meu olhar é o de Isabelita Perón, 42ª Presidente da Argentina, que assumiu o cargo depois da morte do marido, Juan Perón, de quem era vice, eleita por uma chapa que ficou conhecida como Perón-Peron.
A presidencia da Argentina caiu de páraquedas nos braços da bailarina Maria Estela Martinez, a Isabelita Perón, que não tinha a menor relação com o país. Conhecera Juan Perón num clube no Panamá, com ele se casara em 1961 e o acompanhara em seu exilio na Espanha (Peron fora deposto pelos militares em 1955, se exilara no Paraguai e posteriormente se mudou para Espanha). Em 1973 voltou para a Argentina com o marido e se elegeu vice presidente na chapa encabeçada por ele que ,para chegar a seu terceiro mandato como Presidente, conseguiu 60% dos votos. Menos de um ano depois, em 1º de julho de 1974, Juan Perón morreu em consequencia de um infarte e Isabelita tomou posso no mesmo dia, dando inicio a um dos governos mais desastrosos não só da Argentina, como da América Latina.
Fraca, exatamente por não ter representatividade política e por ter sido eleita à sombra de Perón, ele sim um líder carismático, Isabelita se apoiou em José Lopez Rega, a quem nomeara Ministro do bem Estar Social e que acabou se transformando na eminencia parda de seu governo. Lopez rega desviou dinheiro público para financia a Triple A, Aliança Anticomunista Argentina, que tinha por objetivo principal exterminar os inimigos da ala peronista a que Isabelita pertencia. Foi uma época em que atentatos, sequestros, tortura e assassinatos eram diariamente manchetes nos jornais argentinos. Para abafar a corrupção e calar a voz de opositores, deu-se início a uma repressão sem precendentes, decretando intervenção em diversas provincias, em universidades, sindicatos, e em canais de TV privados e intensificando ainda mais a censura a jornais e revistas.
Mas corrupção e o desrespeito a liberdades individuais à livre manifestação do pensamento não foram os únicos gargalos do governo Isabelita. A economia praticamente se desintegrou, a inflação alcançou numeros inimagináveis e, para complicar ainda mais a situação, o Mercado Comum Europeu interrompeu a importação de carne argentina, levando o pais literalmente à bancarrota, com a dívida externa aumentando incontrolavelmente.
Diante do aumento das contestações à sua administração, que era absolutamente caótica, e do fracasso dos planos economicos criados pelos seus ministros, especialmente Celestino Rodriguez, colocado no cargo por Lopez Rega, Iabelita decidiu aceitar mudar os ministros das três armas, dando poder incalculável ao general Jorge Rafael Videla. Ele deu inicio a mais suja das guerras travadas na Argentina, com fechamento de meios de comunicação contrários ao governo, mais sequestros e assassinatos. Pressionada a renunciar, Isabelita se negou a fazê-lo, mas acabou derrubada por um golpe de estado comandado por Videla.
Na Argentina, os crimes cometidos no governo de Isabelita foram considerados como crimes contra a humanidade, tese rejeitada há dois anos pelo Supremo Tribunal Espanhol, que recusou sua extradição. Entre esses crimes, além do desvio de milhões de dólares, há outros contra a vida, como nos casos do
desaparecimento de Hector Aldo Fagetti e a prisão do menor´Jorge Valentín Beron, que ficou na cadeia até os primeiros meses de 1977 quando o governo militar lhe deu liberdade.
Analistas afirmam que Isabelita era tão inexpressiva eleitoralmente que se não fosse pela sombra de Perón não conseguiria se eleger nem mesmo deputada provinciana e que seu governo foi o responsável pela perda da maioria das conquistas que haviam sido conseguidas no país nas décadas anteriores e que até hoje o país ainda paga pelo obscurantismo a que foi submetido por ela e pelos militares que a sucederam, com a desculpa que o endurecimento era necessário para se colocar o país novamente no rumo certo.
Amanha, a mulher da vez sera Benazir Butho.
Hoje você vai conhecer um novo Olhar meu sobre mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a assumir o comando de seus pais. Como escrevi ontem, ao abrir essa série falando de Golda Meir, em comum todas têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Em comum também, que ao longo da vida nenhuma delas se destacou como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau, apesar conquistas, com certeza involuntariamente, fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
O segundo governo dessas mulheres sobre o qual vou apresentar meu olhar é o de Isabelita Perón, 42ª Presidente da Argentina, que assumiu o cargo depois da morte do marido, Juan Perón, de quem era vice, eleita por uma chapa que ficou conhecida como Perón-Peron.
A presidencia da Argentina caiu de páraquedas nos braços da bailarina Maria Estela Martinez, a Isabelita Perón, que não tinha a menor relação com o país. Conhecera Juan Perón num clube no Panamá, com ele se casara em 1961 e o acompanhara em seu exilio na Espanha (Peron fora deposto pelos militares em 1955, se exilara no Paraguai e posteriormente se mudou para Espanha). Em 1973 voltou para a Argentina com o marido e se elegeu vice presidente na chapa encabeçada por ele que ,para chegar a seu terceiro mandato como Presidente, conseguiu 60% dos votos. Menos de um ano depois, em 1º de julho de 1974, Juan Perón morreu em consequencia de um infarte e Isabelita tomou posso no mesmo dia, dando inicio a um dos governos mais desastrosos não só da Argentina, como da América Latina.
Fraca, exatamente por não ter representatividade política e por ter sido eleita à sombra de Perón, ele sim um líder carismático, Isabelita se apoiou em José Lopez Rega, a quem nomeara Ministro do bem Estar Social e que acabou se transformando na eminencia parda de seu governo. Lopez rega desviou dinheiro público para financia a Triple A, Aliança Anticomunista Argentina, que tinha por objetivo principal exterminar os inimigos da ala peronista a que Isabelita pertencia. Foi uma época em que atentatos, sequestros, tortura e assassinatos eram diariamente manchetes nos jornais argentinos. Para abafar a corrupção e calar a voz de opositores, deu-se início a uma repressão sem precendentes, decretando intervenção em diversas provincias, em universidades, sindicatos, e em canais de TV privados e intensificando ainda mais a censura a jornais e revistas.
Mas corrupção e o desrespeito a liberdades individuais à livre manifestação do pensamento não foram os únicos gargalos do governo Isabelita. A economia praticamente se desintegrou, a inflação alcançou numeros inimagináveis e, para complicar ainda mais a situação, o Mercado Comum Europeu interrompeu a importação de carne argentina, levando o pais literalmente à bancarrota, com a dívida externa aumentando incontrolavelmente.
Diante do aumento das contestações à sua administração, que era absolutamente caótica, e do fracasso dos planos economicos criados pelos seus ministros, especialmente Celestino Rodriguez, colocado no cargo por Lopez Rega, Iabelita decidiu aceitar mudar os ministros das três armas, dando poder incalculável ao general Jorge Rafael Videla. Ele deu inicio a mais suja das guerras travadas na Argentina, com fechamento de meios de comunicação contrários ao governo, mais sequestros e assassinatos. Pressionada a renunciar, Isabelita se negou a fazê-lo, mas acabou derrubada por um golpe de estado comandado por Videla.
Na Argentina, os crimes cometidos no governo de Isabelita foram considerados como crimes contra a humanidade, tese rejeitada há dois anos pelo Supremo Tribunal Espanhol, que recusou sua extradição. Entre esses crimes, além do desvio de milhões de dólares, há outros contra a vida, como nos casos do
desaparecimento de Hector Aldo Fagetti e a prisão do menor´Jorge Valentín Beron, que ficou na cadeia até os primeiros meses de 1977 quando o governo militar lhe deu liberdade.
Analistas afirmam que Isabelita era tão inexpressiva eleitoralmente que se não fosse pela sombra de Perón não conseguiria se eleger nem mesmo deputada provinciana e que seu governo foi o responsável pela perda da maioria das conquistas que haviam sido conseguidas no país nas décadas anteriores e que até hoje o país ainda paga pelo obscurantismo a que foi submetido por ela e pelos militares que a sucederam, com a desculpa que o endurecimento era necessário para se colocar o país novamente no rumo certo.
Amanha, a mulher da vez sera Benazir Butho.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O RISCO A SE EVITAR - I - O Exemplo de Golda
Maurelio Menezes
A história recente está repleta de exemplos de mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a governar seus países e que, portanto, se transformaram em personagens históricas. Em comum todas têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Em comum também, que ao longo da vida nenhuma delas se destacou como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau,apesar de muitas conquistas, com certeza involuntariamente fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Em capítulos vou analisar aqui governos de algumas dessas mulheres que quebraram a tradição e assumiram o comando de seus países. Como sempre serão meus olhares sobre esses governos acompanhados por mim ao longe em fases diferentes de minha vida. Entre elas estão Golda Meier, Isabelita Peron, Benazir Butho, Angela Merkel. A diferença dessas mulheres para Dilma Roussef é que todas construiram uma candidatura, não foram tiradas da cartola por um líder carismático que a antecedeu. O primeiro caso emblemático é o de Golda Meier.
A história recente está repleta de exemplos de mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a governar seus países e que, portanto, se transformaram em personagens históricas. Em comum todas têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Em comum também, que ao longo da vida nenhuma delas se destacou como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau,apesar de muitas conquistas, com certeza involuntariamente fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Em capítulos vou analisar aqui governos de algumas dessas mulheres que quebraram a tradição e assumiram o comando de seus países. Como sempre serão meus olhares sobre esses governos acompanhados por mim ao longe em fases diferentes de minha vida. Entre elas estão Golda Meier, Isabelita Peron, Benazir Butho, Angela Merkel. A diferença dessas mulheres para Dilma Roussef é que todas construiram uma candidatura, não foram tiradas da cartola por um líder carismático que a antecedeu. O primeiro caso emblemático é o de Golda Meier.
Golda Meir, fundadora do estado de Israel e sua quarta Primeira Ministra, por suas posições inflexiveis, foi chamada de A Dama de Ferro, muito antes deste apelido ter sido dado a outra mulher, a britânica Margareth Tatcher.Antes de assumir o poder foi, além de fundadora do estado de Israel, Embaixadora na extinta URRSS, ministra do Bem Estar Social, Ministra do Trabalho, Ministra das Relações Exteriores Secretaria Geral do principal partido israelense à epoca, o Maarakh que surgiu da fusão de outros quatro partidos, fusão essa sugerida e comandada por ela. Suas posições eram tão firmes que logo após a criação de Israel, em 1948, o então Primeio Ministro, Ben Gurion teria afirmado "Golda é o único homem do meu gabinete"
Como Primeira Ministra, apesar de em seu discurso de posse ter deixado claro que estava disposta a tudo para alcançar pacificamente a paz no Oriente Medio, menos o suicídio nacional, comandou um dos mais sangrentos governos israelenses, culpa em parte de seu Ministro da Defesa, Moshe Dayan (que, quase contraditoriamente seria o principal arquiteto 20 anos depois do acordo de paz assinado em Camp David com os árabes). Logo no inicio, seu governo se notabilizou por se recusar a cumprir a determinação da ONU que invalidou a anexação israelita de Jerusalém oriental e que ordenou a retirada de Israel dos territórios árabes ocupados em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Determinou medidas extremas ordenando inclusive que o serviço secreto israelense, Mossad, exterminasse lideranças de organizações contrárias a Israel. Foi também em seu governo que aconteceu a Guerra do Yom Kippur, quando Israel foi atacado em duas frentes por Egito e Síria. Em represália Israel Invadiu a Siria e com a guerra ja encerrada bombardeou os subúrbios da capital, Damasco, matando milhares de civis. Essa ação levou os países produtores de petróleo a suspenderem a exportação para os Estados Unidos e países que apoiavam a sobrevivência de Israel, resultando na primeira grande crise do petróleo com consequencias extramemente danosas para a economia mundial. A seu favor ela argumentou que a retirada colocaria em risco a existência do Estado de Israel. Ela também autorizou a derrubada de uma avião líbio em 21/02/1973 matando 123 civis que estavam a bordo.
A administração turbulenta nas relações internacionais se refletiu internamente e Golda Meier não resistiu à pressão, renunciando em abril de 1974 em meio a uma crise política interna em que seu partido, o Trabalhista, teve péssimo rendimento nas urnas e a uma crise politica externa especialmente devido às ações de seu Ministro da Defesa, Moshe Dayan.
Golda Meier voltou à cena política dois anos depois, mas apenas como dirigente partidária. Foi nessa época que escreveu sua autobiografia, Minha Vida, uma leitura necessaria para se entender um pouco a vida dessa ucraniana de Kiev. Mais critico, entretando, e portanto mais realista, foi Uma Mulher Chamada Golda, minissérie produzida um ano depois de sua morte (ela morreu em 1980 de cancer) para a televisão e estrelado por Ingrid Bergman, em seu ultimo trabalho.
Amanhã, meu olhar sobre Isabelita Peron.
Amanhã, meu olhar sobre Isabelita Peron.
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