A história recente está repleta de exemplos de mulheres que, como Dilma Roussef, foram as primeiras a governar seus países e que, portanto, se transformaram em personagens históricas. Em comum todas têm um pequeno detalhe: na campanha nenhuma delas se apresentou como candidata das mulheres ou se preocupou em apresentar propostas especificas para humanização das condições de saúde, educação, emprego, enfim, de qualidade de vida das mulheres. Em comum também, que ao longo da vida nenhuma delas se destacou como representante legítima das mulheres, até por fazerem política num mundo dominado por homens e sua falta de sensibilidade, sua quase tosca relação com a vida, ou seja, biologicamente são mulheres, mas ideologicamente não o foram como por exemplo foram, entre tantas outras, Voltarine de Cleyre e Margaret Sanger no final do sec. XIX, Simone de Beauvoir, Betty Friedan em meados do século passado ou as brasileiras Nisia Floresta e Pagu. Em comum a essas mulheres mais um detalhe, este triste e lamentável: todas, em maior ou menor grau,apesar de muitas conquistas, com certeza involuntariamente fizeram muito mal a seus países e acabaram, de uma forma ou de outra, sucumbindo.
Em capítulos vou analisar aqui governos de algumas dessas mulheres que quebraram a tradição e assumiram o comando de seus países. Como sempre serão meus olhares sobre esses governos acompanhados por mim ao longe em fases diferentes de minha vida. Entre elas estão Golda Meier, Isabelita Peron, Benazir Butho, Angela Merkel. A diferença dessas mulheres para Dilma Roussef é que todas construiram uma candidatura, não foram tiradas da cartola por um líder carismático que a antecedeu. O primeiro caso emblemático é o de Golda Meier.
Golda Meir, fundadora do estado de Israel e sua quarta Primeira Ministra, por suas posições inflexiveis, foi chamada de A Dama de Ferro, muito antes deste apelido ter sido dado a outra mulher, a britânica Margareth Tatcher.Antes de assumir o poder foi, além de fundadora do estado de Israel, Embaixadora na extinta URRSS, ministra do Bem Estar Social, Ministra do Trabalho, Ministra das Relações Exteriores Secretaria Geral do principal partido israelense à epoca, o Maarakh que surgiu da fusão de outros quatro partidos, fusão essa sugerida e comandada por ela. Suas posições eram tão firmes que logo após a criação de Israel, em 1948, o então Primeio Ministro, Ben Gurion teria afirmado "Golda é o único homem do meu gabinete"
Como Primeira Ministra, apesar de em seu discurso de posse ter deixado claro que estava disposta a tudo para alcançar pacificamente a paz no Oriente Medio, menos o suicídio nacional, comandou um dos mais sangrentos governos israelenses, culpa em parte de seu Ministro da Defesa, Moshe Dayan (que, quase contraditoriamente seria o principal arquiteto 20 anos depois do acordo de paz assinado em Camp David com os árabes). Logo no inicio, seu governo se notabilizou por se recusar a cumprir a determinação da ONU que invalidou a anexação israelita de Jerusalém oriental e que ordenou a retirada de Israel dos territórios árabes ocupados em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Determinou medidas extremas ordenando inclusive que o serviço secreto israelense, Mossad, exterminasse lideranças de organizações contrárias a Israel. Foi também em seu governo que aconteceu a Guerra do Yom Kippur, quando Israel foi atacado em duas frentes por Egito e Síria. Em represália Israel Invadiu a Siria e com a guerra ja encerrada bombardeou os subúrbios da capital, Damasco, matando milhares de civis. Essa ação levou os países produtores de petróleo a suspenderem a exportação para os Estados Unidos e países que apoiavam a sobrevivência de Israel, resultando na primeira grande crise do petróleo com consequencias extramemente danosas para a economia mundial. A seu favor ela argumentou que a retirada colocaria em risco a existência do Estado de Israel. Ela também autorizou a derrubada de uma avião líbio em 21/02/1973 matando 123 civis que estavam a bordo.
A administração turbulenta nas relações internacionais se refletiu internamente e Golda Meier não resistiu à pressão, renunciando em abril de 1974 em meio a uma crise política interna em que seu partido, o Trabalhista, teve péssimo rendimento nas urnas e a uma crise politica externa especialmente devido às ações de seu Ministro da Defesa, Moshe Dayan.
Golda Meier voltou à cena política dois anos depois, mas apenas como dirigente partidária. Foi nessa época que escreveu sua autobiografia, Minha Vida, uma leitura necessaria para se entender um pouco a vida dessa ucraniana de Kiev. Mais critico, entretando, e portanto mais realista, foi Uma Mulher Chamada Golda, minissérie produzida um ano depois de sua morte (ela morreu em 1980 de cancer) para a televisão e estrelado por Ingrid Bergman, em seu ultimo trabalho.
Amanhã, meu olhar sobre Isabelita Peron.
Amanhã, meu olhar sobre Isabelita Peron.
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