sexta-feira, 1 de outubro de 2010

DOMINGO, VOCÊ, ELEITOR, SERÁ O DONO DO MUNDO

Maurelio Menezes

A história se repetiu. As eleições majoritárias foram as estrelas da campanha que está terminando. A maioria dos brasileiros chega ao dia 3 sabendo em quem vai votar para Presidente, Governador e Senador. Mas vai votar em qualquer um para deputado estadual e federal. Exatamente por isso, em pouco tempo teremos muitos eleitores criticando os políticos, num círculo vicioso que não termina nunca. Nós votamos mal porque não escolhemos com isenção e competência nossos deputados. Feitas as devidas e honrosas exceções, votamos em candidatos porque são nossos amigos, porque um amigo nos indicou, porque ele pertence a um partido que, teoricamente (até porque os partidos no Brasil somente existem na teoria), é o nosso partido, porque têm um bom papo... Propostas concretas e trabalho realmente realizado quase nunca são levados em conta. Mudar essa história não é tão difícil quanto parece. O primeiro passo é votar. O segundo é saber em quem votar. E para isso, a melhor coisa é, antes, saber em quem não votar.

Em Mato Grosso, por exemplo, os deputados eleitos em 2006, pouco ou quase nada fizeram. A função de um deputado é, por definição, criar e votar leis que beneficiem a população. Eles votaram, mas criaram muito pouco. Os números indicam que 95% das leis que realmente contam aprovadas nessa legislatura que está terminando foram criadas pelo Executivo. Entre essas leis estão muitas que prejudicaram a comunidade.  Isso significa que o dinheiro arrecadado com os impostos e taxas que pagamos foi aplicado onde o Executivo queiria ou tinha interesse que fosse aplicado. O resultado é o abandono de algumas regiões do Estado. E é por isso que o voto no deputado é de extrema importância.
Os eleitos precisam ser pessoas absolutamente isentas, independentes, livres de qualquer amarra ou de interesse pessoal. O único projeto político de um parlamentar tem que ser o interesse público. É para isso que eles são eleitos e têm os salários pagos com o dinheiro do eleitor. Mas como saber se na campanha eles estão sendo sinceros em suas promessas? Não é possível, até porque eles têm uma capacidade inigualável de representar. A saída, então, só pode ser uma: saber em quem não votar.

Em alguns casos, saber em quem não votar é mais simples. Entre os candidatos a deputado estadual e federal há muitos políticos que estão exercendo mandatos atualmente como deputado estadual ou como deputado federal. É preciso que se analise o trabalho deles como legisladores. O que eles fizeram de verdade, de prático, no período em que exerceram o mandato de vereador ou deputado? Trabalharam ou apenas fizeram bravatas, discursos demagógicos ou ficaram pulando de galho em galho, quer dizer de partido em partido de acordo com o interesse de momento? Há outros que já exerceram cargos públicos anteriormente. Aí o raciocínio deve ser ainda mais rígido. Além de analisar se eles na época trabalharam, deve se perguntar porque eles não foram reeleitos em eleições anteriores. Se fizermos essa análise, com certeza eliminaremos um quarto dos candidatos ao Legislativo.

Há uma outra discussão em relação ao legislativo. Vereadores eleitos há dois anos se apresentam, agora como candidatos a deputado. Será que eles merecem ser eleitos? As promessas de campanha foram cumpridas? As leis que conseguiram aprovar (se é que conseguiram) são leis que realmente beneficiam a maioria da população. Ou beneficiam apenas um setor e são pagas pela maioria? Riscando da lista os que não passarem por essa avaliação (e a maioria quase absoluta não passa) eliminaremos mais um quarto dos candidatos. Isso nos dá a garantia de elegermos apenas bons candidatos? A resposta é não. Mas com certeza nossa margem de erro será bem menor. A partir daí basta riscarmos também os candidatos que somente aparecem na época das eleições. E eles são muitos. Basta dar um volta pela cidade e encontraremos propaganda de pessoas que nunca vimos na vida. Ou se vimos ou ouvimos o nome foi por envolvimento, por exemplo, num escândalo aqui, numa operação ilegal ali. Riscando também esses, que podem ser taxados de oportunistas e interesseiros, sobram bem menos nomes.

É verdade que com todos esses cuidados levados à risca ainda poderemos errar. Mas essa é a essência da Democracia. Da mesma forma que a criança só aprende a andar caindo, nós somente aprenderemos a votar certo, errando. No caso da criança ela cai até conseguir o equilíbrio para enfrentar as grandes caminhadas da vida. E para isso não repete os mesmos erros. Se agirmos assim, acompanhando o trabalho daqueles em quem votamos, cobrando esse trabalho e reprovando nas urnas aqueles que não cumpriram com sua obrigação. A partir do momento em que agirmos assim, muitos nem terão coragem de se candidatar a nada. Que o digam Collor, Maluf, Sarney, Jader Barbalho e muitos outros, inclusive aqui em Mato Grosso.

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