Maurelio Menezes
Quando foram registradas as candidaturas para o Senado em MT, todos sabíamos que teríamos oito candidatos para escolher dois em quem votar, porque por decisão do TSE, cada coligação somente poderia apresentar dois candidatos. Como o PSOL decidiu lançar apenas um candidato, sobraram sete opções. Mas para mim sobraram apenas seis porque dos sete inscritos, um deles estava riscado de minha lista: Carlos Abicalil.
Fui eleitor e pedi votos para Abicalil em 2002, na primeira eleição dele como Deputado Federal. Na pré campanha de 2006, após uma reunião do CONSEPE -Conselho Superior de Ensino e Pesquisa- da UFMT, do qual fazia parte e para a qual ele fora levado pelo então Reitor Paulo Speller, informei a Abicalil que não só não votaria nele como faria campanha contra. Ele quis saber o motivo e eu lhe respondi que ele traíra meu voto ao fazer defesa veemente e constante dos mensaleiros. Ele tentou argumentar que a defesa dos mensaleiros era uma questão partidária . Eu encerrei a curta conversa no corredor que leva à sala de reuniões dos Órgãos Colegiados, dizendo a ele que eu não votava em Partidos, que escolhia a dedo meus candidatos e que se eles traíssem minha confiança, jamais teriam meu voto de novo e que, de quebra, eu, da mesma forma que fizera campanha a favor, faria campanha contra eles.
A campanha de 2010 está mostrando que tomei a decisão correta, porque Abicali, agora candidato ao Senado, tem demonstrado que suas posições mudam de acordo com suas conveniências e aí as contradições são absurdas, inclusive em relação ao argumento que ele usou para tentar me demover da idéia de não votar nele em 2006, o de defender posições partidárias.
Dia desses Abicalil afirmou que a união entre pessoas do mesmo sexo é uma aberração. Não concordo, mas reconheço que é um direito dele e de qualquer pessoa achar isso. Só que, como a afirmação pegou mal, ele tentou se explicar. O remendo ficou pior ainda e ele acabou virando alvo de piadas na Web. Além disso, o Partido dele, pelo menos para consumo externo, prega o não à homofobia que ele, ao usar o termo aberração, defendeu.
Numa situação mais recente, se posicionou favoravelmente ao aborto ao assinar um requerimento para que a liberação fosse levada a plenário, depois de o tema ter sido derrotado na CCJ, a Comissão de Constituição e Justiça. O nome dele está numa lista (veja aqui) divulgada nacionalmente por um site religioso. Foi o único parlamentar de Mato Grosso a assiná-la. Mais uma vez tentou remendar e mais uma vez o remendo ficou pior que o original. Afinal se ele é de tradição cristã e é contra o aborto, como diz, não deveria assinar o requerimento que defende o debate pela legalização, considerada inconstitucional pela CCJ.
De acordo com a Rádio Difusora de Cáceres (confira aqui) Abicalil tentou retirar o aval ao requerimento que prevê a liberação do aborto, mas foi impedido por um colega de partido. Ora, como se votar em alguém que se deixa convencer por um colega de partido? Isso significa que ele não é dono de sua opinião e que não representa os eleitores e sim os colegas de partido. Agora, porque o apoio dele foi escancarado no horário eleitoral, recorreu á justiça e conseguiu liminarmente que não seja veiculado o vídeo Você votaria num candidato favorável ao aborto? Mas ao assinar o requerimento ele não deixou claro que é mesmo favorável ao aborto?
As contradições de Abicalil não param por aí. Ao mesmo tempo em que usa o discurso moderno de se investir no social e se valorizar o ser humano, Abicalil é acusado de ter votado contra também o reajuste de 7,7% aos aposentados. A notícia veiculada em diversos sites de MT rendeu ao Ultima Hora de Rondonópolis uma Notificação Extrajudicial exigindo direito de resposta. Neste, concedido democraticamente pelo site, a assessoria do candidato afirma que a Notificação não é uma ameaça e que Abicalil votou a favor. Não é o que diz o site Visão Panorâmica que o coloca como único parlamentar de Mato Grosso a votar contra os aposentados (Confira aqui) .
Além disso, Abicalil teria, de acordo com o site Olhar Direto, ameaçado uma colega de partido, Helena Bortolo porque ela afirmou que esse seria um dos motivos pelo qual não votaria nele(Veja aqui). O interessante nesta confusão do reajuste é que, não consta que Abicalil, que teria achado excessivo reajustar em 7,7% os proventos dos aposentados, tenha reclamado do reajuste de 25% no salários dos servidores da ativa e aposentados da Câmara Federal.Incoencia pura, pois se os aposentados da Câmara podem receber 25% porque os demais, simples mortais nçao podem?
Por essas e outras que, para mim, só restam seis opções de voto para o senado em Mato Grosso, por ordem alfabética: Antero Paes de Barros, Blairo Maggi, Jorge Yanai, Naildo Lopes, Pedro Taques e Procurador Mauro.
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