Maurelio Menezes
O jornal A Gazeta traz hoje o resultado de mais uma de suas pesquisas. Defensor explícito da candidatura de Silval Barbosa,para quem reserva espaços privilegiados e quase que exclusivamente notícias positivas, o jornal dá a impressão que a pesquisa divulgada refere-se a todo o estado de Mato Grosso (que foi divulgada ontem). Tanto na Manchete quanto no texto mais confunde que esclarece o leitor. Propositadamente ou não, ele omite a pontuação de Silval na primeira pesquisa.
De acordo com a pesquisa, Mauro caiu fora da margem de erro, mas Wilson não, o que cientificamente não significa queda. Logo a manchete Mauro e Wilson Caem não se sustenta. O uso de verbos com sentidos adjetivos como caem e dispara e lugares comuns como favoritismo se consolida (Silval somente teria um favoritismo consolidado se na pesquisa anterior ja fosse o lider, e não era)trazem uma carga de manipulação igualmente explícita.
No texto o jornal informa que foram ouvidas 500 pessoas em 109 bairros. Embora seja uma boa amostra para uma pesquisa na capital, ela é muito pequena para o número de bairros que o Instituto afirma ter pesquisado e principalmente para a desproporção de população dos bairros.
Em momento algum o jornal faz uma análise do que significa uma eleição com 40% dos eleitores se declarando indecisos. E essa análise é simples: a eleição está aberta porque tradicionalmente Cuiabá (e Mato Grosso também) não foge à media nacional de 20% entre votos brancos, nulos e abstenções.
O mais estranho é que na pesquisa divulgada ontem o jornal afirma que foram ouvidas 1000 pessoas em 40 municipios do Estado. Hoje ficou se sabendo que 500 dessas pessoas são de Cuiabá. Só que o eleitorado de Cuiabá nao corresponde a 50% do eleitorado do estado, logo a amostra está errada. Amostra, ensina a literatura sobre pesquisas, para ser correta tem que ser representativa do universo. A do Gazeta Dados não é.
Ontem o jornal já cometera o absurdo de afirmar que com base nos numeros da pesquisa do seu Instituto, Silval venceria no primeiro turno. Para isso, afirmou textualmente que No caso de pesquisa, para chegar aos índices retiram-se os votos brancos, nulos e os indecisos. Isso simplesmente não existe. O indeciso é simplesmente indeciso, ainda não decidiu em quem vai votar, se vai votar em branco ou anular.
Essas distorções reforçam a defesa de uma tese antiga segundo a qual Tribunais Regionais Eleitorais deveriam ter entre seus funcionários estatísticos que avaliassem as pesquisas quando de seu registro e que levassem a punições severas para quem contrata ou publica as manipuladas.
Com base nos numeros apresentados pelos jornais, jornais menores (aqueles já analisados aqui que estão a soldo de candidatos) e sites de todo o estado, alguns com um dia de atraso, manchetam que de acordo com o Gazeta Dados Silval ganharia em primeiro turno. A manchete correta para jornais e sites que pretendessem mesmo prestar um serviço à população seria algo como Com 40% de Indecisos Eleição em MT Está Aberta
Os mais de 40 milhões de reais oficialmente gastos em publicidade pelo Governo do Estado no primeiro semestre deste ano (quando no maximo poderia gastar algo em torno de 20 milhões) talvez explique a postura de jornais e boa parte dos sites e blogs de Mato Grosso. Como também podem explicar o apoio deles ao candidato Silval. A se lamentar é que para esses veículos de comunicação o importante deveria ser o leitor, internauta, esse sim seu verdadeiro patrão e não alguém que encomende a criação de um cenário ficticio de vitória, acreditando que o cidadão/eleitor é tosco e vota em quem está na frente nas pesquisas.
Ótimo texto
ResponderExcluirRealmente os veículos deveriam ter esse compromisso com os leitores e não simplismtente ficar a serviço dos poderosos.
Parabéns