quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CENSURA, NUNCA MAIS!

Maurelio Menezes

Um Ministro de D. Pedro II, com ar preocupado, aprochegou-se e disparou:
- Majestade. Precisamos censurar a imprensa, pois esses jornalistas estão muito republicanos.
- E como vou ficar sabendo dos erros e desvios de meus Ministros? – respondeu perguntando o imperador.

A história, verdadeira, revela a sabedoria de D. Pedro e a real intenção do Ministro censor. Uma das funções do jornalismo, já naquela época, era apontar os erros de quem estava no poder ou agia contra o interesse público. Em qualquer país onde os jornalistas sejam impedidos por meio da censura econômica, política, religiosa ou social de exercer livremente a profissão, os desvios são muito mais freqüentes.
Os números são do Fórum Econômico Mundial: o Brasil deixa de receber anualmente 40 bilhões de dólares em investimentos. Entre os motivos, de acordo com a pesquisa, estão a baixa eficiência das polícias, a sonegação de impostos, privilégios a grupos específicos e a criminalidade. Provavelmente se o jornalismo fosse mais independente e menos tolhido em suas ações, os números seriam bem diferentes e o Brasil não ocuparia, no ranking do Fórum, a 46ª posição em termos de competitividade.
A liberdade de expressão é o maior bem de um povo. A Constituição, que está acima de jornalistas, partidos, empresários, políticos e griupos sociais, garante esse direito e também o direito de ser informado, a todo cidadão. Esse é o jogo da democracia. Emudecer o jornalismo é abrir a porta do retrocesso. É incentivar as falcatruas que fizeram histórias nos tempos em que as denúncias morriam, literalmente, no nascedouro. É fazer que, espantados com a corrupção, investidores se afastem cada vez do Brasil, levando com eles os bilhões de dólares que poderiam significar um país com menos desemprego, com maior geração de renda, um país mais justo ou, pelo menos, menos injusto.
Mais de um século depois de D. Pedro II, há, ainda quem não consegue ter a visão clara sobre que é o jornalismo e qual a função e o dever do jornalista num país teoricamente livre. Pobre do país onde uma instituição, ou parte dela, aposta na censura como forma de se fazer justiça.

Esse texto foi escrito por mim há 8 anos, num outro contexto, cujas particularidades editei agora, e se mostra absolutamente atual porque gente que diz representar o novo mantém a prática daqueles que, demagogicamente chama de velho.

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