Maurelio Menezes
Na democracia deliberativa, o cidadão não é um agente passivo na execução das políticas públicas. E não é também um mero objeto da legislação criada para o convívio em sociedade. Definida por Rousiley Maia em Midia e Deliberação (2008) “como o processo social de oferecer e examinar argumentos, envolvendo duas ou mais pessoas, para a busca cooperativa de soluções em circunstancias de conflito ou de divergências”, a deliberação na relação entre poder publico e sociedade deveria ter como conseqüência uma administração em que a voz do cidadão estivesse presente nas decisões do gestor.
Na Grécia antiga Péricles já defendia essa interação afirmando que os então políticos modernos não viam na “discussão um obstáculo no caminho da ação”, mas sim “uma preliminar indispensável para qualquer ação sábia”. Antes dele Aristóteles defendera o valor de um processo de decisão no qual os cidadãos discutissem publicamente e justificassem suas decisões uns aos outros. A democracia ateniense de Péricles (e de Aristóteles) era muito diferente da nossa. Apenas uma minoria era considerada cidadã e, portanto, participava da discussão que se dava numa assembléia aberta, mas apenas a esses “cidadãos”. Hoje, pelo menos teoricamente, todos são cidadãos, podem e devem participar das decisões.
Baseando-se em conceitos de Robert McChesney, Thomas Meyer, Michael Schudson e Alzira Alves Abreu, Rousiley Maia afirma que “As empresas de comunicação estabelecem diversas relações de interesse com grupos de poder e setores do mercado, o que pode comprometer os parâmetros da comunicação democrática, ou seja, a independência, a responsabilidade e a correção da informação“ o que cria uma sociedade de cidadãos sem voz.
A popularização das Mídias Sociais hoje está escancarando a Assembléia dos tempos de Péricles e de Aristóteles e a curtíssimo prazo, obrigará gestores a se submeterem a essa organização. E de uma forma ampla, geral e irrestrita.
Hoje, a exceção de Marcos Magno, do PSOL, todos os candidatos a governador de MT estão usando as redes sociais. Mas apenas Wilson Santos assumiu compromisso com o futuro. Numa interação com internautas via Twiitcam afirmou que quando eleito vai manter a dinâmica que criou nessa campanha e uma vez por semana manterá contato direto com a sociedade que poderá sugerir, cobrar, enfim, ser um agente ativo na administração, num processo em que a maioria seja cidadã não apenas na teoria, mas na prática.
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