terça-feira, 10 de agosto de 2010

JOGA FORA NO LIXO

Maurelio Menezes

Meu Deus! Tem alguns veículos de comunicação que SÓ vivem de especular, especular e especular. #fato“ Esse tweet foi postado, em Cuiabá, pelo perfil de @lotosblume no miniblog Twitter, que de acordo com os dados mais recentes é a mídia social que mais cresce no mundo e especialmente no Brasil.
Esse comportamento de jornalistas é antigo. Na década de 20 Rui Barbosa afirmava que o jornalismo deveria ser “A vista da nação” por onde o povo enxergava o que lhe malfazia. Nessa época, de acordo com outro mestre do Jornalismo, Mauro Santayana, “... havia jornalistas mercenários, pasquins que enxovalhavam a honra alheia, e os interesses e aspirações comuns só encontravam acolhida em dois ou três jornais do Rio e meia dúzia de outros no resto do País.”
A “irrealidade” do fato está presente em diversos filmes. Um deles mostra que a manipulação pela mídia não é uma invenção da pós modernidade ou fruto do neoliberalismo, como alguns gostam de afirmar. A montanha dos sete abutres, de 1957, dirigido por Billy Wilder, conta a história de um repórter, Charles Tatum (Kirk Douglas), que depois de ser demitido mais de dez vezes de veículos diferentes e sempre por motivos igualmente diferentes, sai á procura de um furo que possa lhe dar visibilidade novamente. Esse furo surge num pequeno acidente com um mineiro que fica preso numa gruta. Tatum transforma o caso num fato nacional, atraindo a grande imprensa. Para isso manipula fatos e usa pessoas, todas com interesses pessoais.
Nessa época de eleições, os tais “jornalistas mercenários” e os “pasquins que enxovalham a honra alheia” se multiplicam. Dia desses foi distribuído no centro de Cuiabá um jornal com 27 reportagens. Quase metade com criticas ao candidato Wilson Santos e o resto elogiando o candidato Silval Barbosa.Nenhuma fazendo referencia nem pro bem nem pro mal a Mauro Mendes e a Marcos Magno.
Algum problema em se criticar uns, elogiar outros e ignorar terceiros? É claro que não. Mas o sintomático é que nas criticas não se seguia uma vez sequer a primeira regrinha do bom jornalismo: se ouvir o outro lado. Também ficou claro que era um jornal de encomenda porque apesar de ter um preço na capa, era distribuído gratuitamente e aos montes. No edifício National Palacium, por exemplo, deixaram mais de cem na portaria. Quem o pegava dava uma olhada e jogava no lixo.
E ai está escrito nas estrelas : lixo mais cedo ou mais tarde vai ser o destino não só de veículos (?) como esse, como também de meios eletrônicos e de profissionais que se prestam a esse serviço porque hoje o receptor está mais atento, dá a resposta na hora via Mídias Sociais, não engole mais. Aos poucos vai descobrindo quem é quem nessa guerra mercenária, quem paga e quem recebe. A estratégia do comprador acaba se voltando contra ele e o comprado deixa claro a que veio. Se é que alguém ainda tinha dúvidas sobre sua personalidade de, digamos, financista.

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