Maurelio Menezes
Pesquisas eleitorais são sempre criticadas por aqueles que não pagaram por elas ou que não são por elas beneficiados.Com poucas variações, candidatos normalmente têm o mesmo discurso: Não comento pesquisas porque elas quando são corretas refletem apenas um momento. E eles não estão errados, porque além de refletir apenas um momento muitas vezes refletem apenas os $$$ que por ela foram pagos.
Em relação a refletir o momento, o IBOPE, considerado um dos mais sérios institutos, mas sempre criticado quando o resultado não é o esperado, tem algumas normas de divulgação. Uma das principais é que o resultado somente pode ser divulgado até um determinado dia, porque depois dele perde a validade. Preocupação válida que a maioria dos institutos não tem. Aqui em Mato Grosso, por exemplo, é comum resultados de pesquisas continuarem a serem citados até semanas depois do vencimento do prazo de validade, o que é, no mínimo, suspeito.
Um parâmetro para se saber o tamanho da descrença das sondagens eleitorais está no Google, Ao digitar pesquisa fraudada, em menos de um segundo ele te apresentará quase 900 mil resultados. Não é prá menos. A todo momento se descobre manipulações. Há poucos dias Cesar Maia, economista, estudioso de pesquisas e dados, ao analisar pesquisa do Vox Populi favorável a candidata do PT à presidência (de quem ele é adversário) concluiu que a fraude estava na amostra. De acordo com ele, para que os números da região Sudeste estivessem corretos, a população do Espírito Santo deveria ser bem maior do que ela realmente é.
Essa é uma das fraudes mais comuns, a da amostra. Explicando melhor: numa pesquisa usa-se uma Amostra de um Universo. Universo é, no caso, o numero total de eleitores. Amostra uma parte dos eleitores. Para ser correta, a amostra deve representar cientificamente o universo, ser proporcional em todos os sentidos: sexo, classe social, econômica, cultural, de faixa etária, e principalmente, por localização geográfica. Qualquer distorção na amostra vai fraudar o resultado. Um exemplo: Cuiabá concentra supostos 25% do eleitorado de Mato Grosso. A amostra tem que contemplar esses 25% com todas as suas subdivisões (sexo, idade, classe social, instrução, etc.). Se houver uma variação sequer o resultado estará comprometido.
A legislação eleitoral é falha em todos os sentidos quando o tema é pesquisa. Ela não deveria, por exemplo permitir a divulgação de pesquisas pagas por partidos nem pesquisas sobre eleições estaduais feitas em cidades. Estas até podem ser feitas, mas para consumo interno dos partidos com o objetivo de definir estratégias a serem adotadas nesta ou naquela cidade. Divulgá-las pode até criar um imaginário de vitória para candidatos que estão fora do páreo. A legislação poderia restringir, também, a ação de institutos exigindo, por exemplo, um determinado número de anos de experiência como condição para ter uma pesquisa registrada, já que a cada eleição surge misteriosamente um novo instituto de pesquisa que ninguém sabe de onde veio, mas a maioria das pessoas sabe prá que veio.
O registro puro e simples de uma pesquisa num tribunal eleitoral não significa que ela não seja fraudada, pois o tribunal não a analisa. O correto seria o tribunal ter uma equipe de estatísticos que a analisassem antes da aprovação da divulgação. Um técnico do TRE certa vez comentou comigo que se as pesquisas fossem analisadas pelo próprio tribunal, 90% delas não seriam divulgadas.
Por isso alguns candidatos, inclusive especializados em, no voto, desmentir pesquisas estão certos quando afirmam que a verdadeira pesquisa é a das urnas. E lá, quem vai decidir é você que vai construir o seu olhar sobre cada um dos candidatos a partir de suas convicções e da história desses candidatos em sua relação com a coisa pública, com a educação, saúde, assistência social, etc...
Nenhum comentário:
Postar um comentário