Maurelio Menezes
O Jornal Nacional está apresentando essa semana uma série de reportagens especiais sobre as grandes preocupações do brasileiro identificadas pelo IBOPE numa pesquisa nacional. A maior delas, apresentada na terça-feira, é a saúde. A segunda, exibida na terça-feira é a educação. Ontem foi apresentada a terceira maior das preocupações, a segurança. De acordo com a pesquisa, a cidade mais violenta do país é Juruena, aqui em MT.
Mato Grosso, que já detém diversos recordes negativos, como o de campeão de desmatamento e de focos de queimadas, ganha mais um, o de possuir a cidade mais violenta do país. Culpa de seus moradores? Não. Com certeza não, pois não é de graça que em Mato Grosso hoje se mata mais que no confronto Israel X Palestina e, proporcionalmente, se mata mais aqui que no Rio de Janeiro.
Essa triste estatística esconde outra, mais triste ainda. Estima-se que por ano morram no Brasil cerca de 2 milhões de pessoas vitimas da violência. Mas nunca se falou do número indireto de vítimas, pais e mães que perdem os filhos, filhos que perdem os pais e as mães, irmãos que perdem irmãos, maridos que perdem esposas, esposas que perdem maridos, companheiros que perdem companheiros. Mas porque se mata tanto que nenhuma guerra consegue ser mais violenta?
Primeiro porque, feitas as devidas e honrosas exceções, o poder público ainda não entendeu que a melhor forma de se combater a violência é investir em ações sociais não de forma propagandística e demagógica. E que Ação Social séria é aquela que define suas prioridades de forma correta.
Fundamental em Ação Social é se criar políticas públicas voltadas para o cidadão. E quanto mais novo for esse cidadão, mais deve ser objeto de cuidado. Uma das exceções é o Estado de São Paulo, o mais populoso e mais rico da Federação, onde, de acordo com registros recentes, os índices de violência vêem caindo exatamente porque se investe muito em ações sociais.
Em MT, quando assumiu, em 2003, Blairo Maggi tinha como vice Iraci França que criara anos antes em Cuiabá o mais perfeito programa de proteção e prevenção de gravidez na adolescência, o Simina. Blairo poderia tê-lo estendido a todo o estado. Não o fez. Na Capital, Wilson Santos investiu pesado no programa (atendia 500 adolescentes e hoje atende a 2000). Resultado: nenhum caso de gravidez e 99% de aproveitamento escolar. Ao se envolver no programas essas meninas não estão se envolvendo com marginais.
Foi criado em Cuiabá em 2006 o Sermenino, programa da Secretaria de Ação Social que tirou das esquinas da cidade menores pedintes. Grande parte desses menores era usada por traficantes como distribuidores de drogas. Esse também é um programa que o Governo do Estado deveria ter estadualizado e não o fez.
Programas de entidades do Terceiro Setor, como a CUFA –Central Única das Favelas- deveriam ser amplamente assumidos pelo Estado e não o são. O número de adolescentes que deixam a marginalidade, o mundo das drogas é crescente. A reportagem do Jornal Nacional mostra alguns exemplos que fizeram diminuir índices de violência: oficinas, projetos culturais, escolas comunitárias, projetos esportivos. Em nenhum lugar se falou em casamentos comunitários. Esses são importantes até para se dar um identidade no sentido psicológico do termo às pessoas, mas é uma política terciária e não primária.
Um dos desafios do futuro governador do estado é olhar para a Ação Social como instrumento concreto e desenvolver a partir dela em parceria com as áreas como educação e cultura os projetos que vão levar a diminuição de vitimas diretas e indiretas da violência. O atual governo não teve essa visão e fracassou na segurança. Foi mal na Educação, na Cultura e na Ação Social. Por isso Mato Grosso paga o ônus de ter uma de suas cidades apontadas para todo o Brasil como a mais violenta do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário