Maurelio Menezes
O que é a censura todo mundo sabe. As definições e os conceitos estão muito claros na cabeça da maioria dos cidadãos de bem de qualquer país. Em português se você recorrer aos dois principais dicionários brasileiros, Aurélio e Houaiss, vai encontrar definições semelhantes, algo como “o ato de censurar”.
Ao longo da história esse ato esteve sempre ligado a governos e personagens totalitários. Durante a ditadura militar censurou-se de tudo no Brasil, de jornais a filmes, passando por autores, peças, livros, tudo enfim. A criatividade denunciou essa ação troglodita do regime.
O jornal Estado de São Paulo foi proibido de publicar “notícias, comentários, entrevistas ou critérios de qualquer natureza, abertura política ou democratização ou assuntos correlatos, anistia a cassados ou revisão parcial de seus processos, críticas ou comentários ou editoriais desfavoráveis sobre a situação econômico-financeira, ou problema sucessório e suas implicações. As ordens acima transmitidas atingem quaisquer pessoas, inclusive as que já foram ministros de Estado ou ocuparam altas posições ou funções em quaisquer atividades públicas.” Depois de receber um telegrama do Ministério da Justiça, em setembro de 1972,com esses termos, o Estadão no espaço destinado às noticias censuradas,colocava receitas e versos de Os Lusiadas de Camões.
Na musica, Chico Buarque compôs Cálice um jogo linguistico de palavras em que, além de sonoramente lembrar o Cale-se!, brincava com as palavras afirmando que não adiantava censurar pois a vontade era muito maior. A música foi censurada, mas quando isso aconteceu ja havia sido gravada e se transformado em sucesso.
Em Mato Grosso dia desses o coordenador juridico de uma das coligações que disputam o Governo do Estado afirmou que a campanha aqui seria judicializada. Que todas as assessorias de candidatos tenham o cuidado de não usar ações judiciais para esconder o desejo de censura (o que aliás, já aconteceu e como em Cálice quando censuraram já era tarde porque o objeto de censura ja havia caido no gosto popular).
Mas afinal prá que serve a censura? É a forma que os incapazes encontraram para tentar manter uma situação e especialmente para tentar impedir que a vontade de mudanças seja concretizada especialmente por uma parcela da população.
Eles deveriam ouvir Chico Buarque que ensinou que “mesmo calada a boca, resta o peito” e que “mesmo calada a boca, resta a cuca”.
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