Maurelio Menezes
Não é necessário fazer um curso de Jornalismo para se aprender que manchete é um título que tem o objetivo de chamar a atenção sobre o assunto que uma reportagem aborda. Ter um bom mancheteiro pode significar ao veiculo de comunicação ser mais ou menos visto, à reportagem chamar mais ou menos atenção. Não tê-lo significa exatamente o contrário. Mais ainda: pode significar a queda na credibilidade do veiculo.
Alguns veículos impressos fizeram história com manchetes. O extinto Noticias Populares, de São Paulo vendeu feito água com a manchete Cachorro fez mal à Moça (o texto falava de uma escriturária que passou mal após comer um cachorro quente no centro da paulicéia desvairada) e Violada no Palco (um cantor que quebrou o violão na cabeça de uma tresloucada fã que invadiu o palco). O Noticias Populares era o típico espreme sai sangue e não tinha outro objetivo senão vender.
Os veículos de MT tem, volta e meia, escorregado na banana ao criar algumas manchetes. O pior é que para o leitor, internauta, a culpa acaba recaindo sobre o repórter que assina a reportagem. E raramente é ele quem define a manchete. Dois exemplos em dois dias seguidos e, coincidentemente ou não, no mesmo veiculo, o Olhar Direto.
O primeiro escorregão foi ao manchetar Tas questiona campanha de Santos: eles podem fazer graça e nós não? Comentei a distorção no próprio portal e reproduzo o comentario aqui:
por Maurelio Menezes, em 10/08/2010 às 18:21
Vitão tem razão de "A" a "Z" até porque se formos procurar no dicionário "questionar" encontraremos (Houaiss) como sinônimo "fazer objeção a" "por em questão", o que absolutamente não é o caso. O Marcelo Tas realmente "faz objeção" e "põe em questão" a legislação eleitoral que proíbe humorísticos de fazer humor com candidatos e não a campanha que nossa equipe esta produzindo. As pesquisas internas que temos reforçam a validade dessa estratégia assumida: o maior crescimento de intenções de votos para Wilson Santos foi exatamente entre os mais jovens. Apesar da tentativa de censura de que nós e o Olhar Direto fomos vitimas por parte do candidato Silval Barbosa, o resultado mostra que estamos no caminho certo.
O segundo escorregão do Olhar Direto foi hoje ao manchetar Riva insinua que Wilson fala muito e faz pouco e defende nome de Silval No texto em momento algum o deputado José Riva cita o nome de Wilson Santos. Riva poderia até estar se referindo ao candidato do PSDB. Mas quem garante que não se referia a Mauro Mendes ou mesmo a Marcos Magno? Se o deputado na reportagem falou o nome, porque não foi usado no texto? O deputado Riva também em momento algum pelo que revela o texto afirmou o tal candidato fala muito e faz pouco, que pode ser qualquer um dos adversários de Silval, cuja candidatura ele defende.
Além disso, usar o termo insinuou é ruim para qualquer veiculo. Aqui é interessante lembrar um comentario publicado na Coluna do Swan em O Globo, quando essa era assinada por Ricardo Boechat : Jornalistas e cabeleireiros trabalham com a mesma matéria prima, fofocas, insinuações. O que difere um do outro é que o primeiro tem obrigação de apurar antes de publicar.
A fidelidade de uma reportagem tem que estar expressa na manchete sob pena de perda de credibilidade do veiculo que a publica. Muitas vezes o próprio espaço que se tem para a manchete não permite muitas viagens. Mas ai entra a criatividade. E a criatividade vai proteger os repórteres que assinam os textos e, como escrevi acima, quase nunca são responsáveis pela manchete, logo não são culpados por esses escorregões e vai proteger o prório veiculo de análises apressadas de que estariam a serviço de A ou de B.
Falou tudo! Ainda compro o livro com a história do Notícias Populares.
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