terça-feira, 31 de agosto de 2010

UM OLHAR PRA SE ADMIRAR

Maurelio Menezes

O cientista social e professor doutor em historia, Alfredo da Mota Menezes assina um artigo veiculado hoje no Midia News sobre o que está escondido nas entrelinhas da suposta rejeição a Wilson Santos. É um Olhar muito claro e real da situação, que com outras palavras, ja defendi aqui: trata-se muito mais de uma rejeição fabricada que propriamente verdadeira, o que é de se compreender para alguem que administrou uma capital por cinco anos e meio, após recebê-la do antecessor com todos os servidores em greve, com 4 meses de salarios atrasados, sem nenhum projeto estruturante aprovado e nem mesmo previsto, com os servidores de moral baixa e sem crédito, com dívidas de alguns milhões de reais com varios fornecedores, enfim com o caos instalado no Palácio Alencastro.
O Olhar de Alfredo da Mota Menezes (que diga-se de passagem, apesar do sobrenome não é meu parente), sob meu Olhar, é definitivo. Por isso, além de indicá-lo no link acima, vou reproduzí-loo abaixo para que você faça sua própria reflexão.


WILSON E O MOMENTO

Alfredo da Motta Menezes*

Citam-se como motivos para a rejeição do Wilson Santos em Cuiabá que ele não cumpriu promessas de campanha. Que não devia abandonar a prefeitura. Ou a greve dos médicos e que as ruas estão esburacadas. Ou mesmo a venda de uma rua. Não há acusação de corrupção, mesmo havendo a Operação Pacenas.
Toda a mídia batia nisso de manhã, de tarde e à noite. Esse martelar constante, sem serem rebatidos, foi se cristalizando no imaginário popular.
Wilson Santos errou em muitas coisas, mas será que ele fez menos que outros prefeitos de antes? Quantos, depois de eleitos, cumprem todas promessas de campanha? Não houve outras greves, principalmente de professores, em outras administrações, talvez até mais fortes que a dos médicos?
Ah, ele abandonou a prefeitura para ser candidato. Dante e Serra fizeram o mesmo, também o Antonio Palocci. Palocci registrou em cartório que não abandonaria a prefeitura de Ribeirão Preto. Os fatos aí de cima são costumeiros no jogo político. Não parece que expliquem o desgaste. Avento uma hipótese.
O novo grupo no poder não achava que haveria por longo tempo algum grupo ou pessoa que desafiasse a sua atuação. Apareceu o Wilson na prefeitura com duas eleições. Ameaçava o plano maior de controle político estadual. Qualquer outro dava diálogo, ele e o PSDB, não.
Tentou-se fazer que o Wilson ficasse na prefeitura, não ficou, partiram para cima dele com muitas pedras na mão. O grupo que chegou ao poder sabe trabalhar muito bem a política do desgaste. Como resultado de um trabalho bem concatenado e inteligente, criou-se a rejeição dele. O caso precedente e ilustrativo foi o que se fez com o Dante quando deixou o governo.
Impressiona como a linguagem de todos que rejeita o Wilson é quase idêntica. É a mesma que estava na mídia. Sei que exagero, mas vem à mente o livro "1984", de George Orwell.
Veja como ter a mídia apoiando e um bom trabalho de propaganda influencia mentes e corações. O Silval, mesmo com o alto desgaste do Murilo Domingos que o apóia, está bem em Várzea Grande. A aceitação do Silval ali é resultado de uma ação articulada de imprensa e propaganda.
Como se explica o Wilson ter 34% de rejeição em Várzea Grande? Não é esse o patamar de rejeição em outras cidades do estado. O bombardeio em Cuiabá atravessou a ponte. O trabalho de desgaste do Wilson, montado em Cuiabá, foi eficiente e profissional.
Não está claro ainda se o ex-prefeito de Cuiabá e assessoria perceberam o tamanho do buraco que estavam cavando para ele. Ou perceberam e não puderam fazer nada. O zunzum ia aumentando e não houve um trabalho articulado para tentar desmontar o bombardeio. Esperar a eleição para fazer isso foi uma decisão arriscada.
Frente à situação criada, o esforço da campanha do Wilson será para levá-lo ao segundo turno. Se chegar ali, com tempo igual nos meios de comunicação, numa nova eleição, olho no olho, o jogo se equilibra.

*ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário e articulista político.
pox@terra.com.br
www.alfredomenezes.com

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